Tocar o Ouvir

24 Julho, 2024 pelas 19h00 (quarta)
na Quinta da Cruz – Centro de Arte Contemporânea


Entrada gratuita • Sem reserva
Sujeito à lotação da sala​

Concertos para ouvir de olhos abertos

Encomenda do Festival Internacional de Música da Primavera
Uma residência na Quinta da Cruz – Centro de Arte Contemporânea

Ficha Artística

Um projeto de Pedro Rebelo
Com
João Dias – Percussionista
Alunos surdos da Escola Grão Vasco Viseu e sócios da Surdissol
Apoio técnico e video – Max Rebelo

Partindo de uma experiência participativa com pessoas surdas, a criação resulta numa performance de grupo com o percussionista João Dias em que os objetos os performers e o público partilham um espaço e estão numa relação dinâmica com o mesmo. Todos os elementos circulam no espaço a explorar proximidade, relação entre som e tacto, tal como a diversidade aural. Situado no espaço exterior e interior da Quinta da Cruz, o projeto explora diversas formas de sentir o som situado.

Normalmente ligada ao ouvido e à audição, a música pode ser vivida de várias formas. Esta performance é desenvolvida com pessoas surdas e explora diversas formas de sentir música. Instrumentos e objetos são activados de forma a entrar em vibração com sons gerados por ondas de várias frequências explorando o espectro sonoro e a sua implicação no comportamento físico de vários objetos ressonantes.

O tocar pelos participantes surdos incide sobre o modular algo que ressoa em vez de gerar som de raiz. Este modular é como moldar o som, como uma roda de oleiro em que a forma surge através de subtil ação do tacto. A ressonância dos objetos tem manifestação sonora, mas acima de tudo uma realidade táctil e por vezes visível.

A interação entre o percussionista e os participantes explorara a diversidade aural que é universal – todos ouvimos de formas diferentes, tanto do ponto de vista fisiológico como do cognitivo.

O projeto conta com a infraestrutura técnica do SARC: Centre for Interdisciplinary Research in Sound and Music da Queen’s University Belfast, do qual Pedro Rebelo é diretor. Em particular o projeto tem como centro técnico o SARC Mobile, um estúdio móvel que funciona de régie audio visual e como base para gravação de campo e audição em sistemas de ‘spatial audio’.

Biografia

PEDRO REBELO / www.pedrorebelo.com – @prebelo
Pedro Rebelo (Viseu 1972) é compositor, performer e artista sonoro, activo na área da música de câmara, instalação e improvisação. Doutorou-se pela Universidade de Edimburgo em 2002 onde investigou relações entre a música e a arquitectura. Pedro tem iniciado projetos participativos com comunidades em Belfast, na favela da Maré, Rio de Janeiro e com comunidades ciganas em Portugal. Este trabalho tem resultado em exposições de arte sonora em espaços como o Metropolitan Arts Centre Belfast, Espaço Ecco em Brasília, Parque Lage, Museu da Maré no Rio de Janeiro e MAC Nitéroi, Golden Thread Gallery Belfast, Centro Cultural Português, Maputo, Museu Nacional de Grão Vasco, Whitworth Art Gallery Manchester Jardins Efémeros, Viseu, Convento de São Francisco, Coimbra entre outros. Pedro tem música editada na MisoMusic, Creative Source Recordings, Crónica Electrónica e colaborou com músicos como Chris Brown, Mark Applebaum, Carlos Zingaro, Evan Parker e Pauline Oliveros e artistas como a Suzanne Lacy.

As suas publicações académicas reflectem a sua atitude perante o design e a composição articulando a prática criativa com um entendimento da cultura contemporânea e tecnologias emergentes. Pedro foi professor convidado na Stanford University (2007), professor visitante sénior na UFRJ, Brasil (2014) e investigador colaborador do INET-md, Universidade Nova, Lisboa. Teve posições de “music chair” de conferências internacionais tal como a ICMC 2008, SMC 2009 e ISMIR 2012 e foi ‘keynote’ na ANPPOM 2017, ISEA 2017, CCMMR 2016 and EMS 2013. Na Queen’s University Belfast, onde é professor catedrático em artes sonoras desde 2012, teve posições de director de educação, director de investigação e chefe de departamento e é atualmente diretor do SARC: Centre for Interdisciplinary Research in Sound and Music. Em 2012 foi-lhe atribuído o prémio “Building Tomorrow’s Belfast” do Northern Bank. Foram-lhe recentemente atribuídas duas bolsas de investigação para projetos interdisciplinares incluindo “Sounding Conflict”, financiado pelo Research Council UK para investigar a relação entre som, música e situações de conflito. Áreas de investigação recentes incluem som imersivo e experiencias de escuta aumentadas.

JOÃO DIAS
João Dias é percussionista, licenciado e mestre pela ESMAE, na classe de Miquel Bernat, Manuel Campos e Nuno Aroso. Iniciou em 2016 o Doutoramento em Artes Musicais – Prática Instrumental, na FCSH da UNL e ESML com bolsa de doutoramento da FCT. É membro do Drumming GP desde 2004, com o qual já estreou dezenas de obras de compositores de várias nacionalidades, gravou oito cd’s monográficos dedicados à obra para percussão dos compositores registados, e participou em mais três não assinados pelo grupo. Integrou a European Union Youth Orquestra (2006-2009) onde trabalhou com o maestro e pianista Vladimir Ashkenazy, Rainer Seeguers (Berliner Philharmoniker) e Simon Carrington (London Philharmonic Orchestra). Em 2016 cria “Caixa Elétrica”, projeto a solo dedicado á disseminação da música portuguesa para percussão, apresentado em 2018 no Darmstadt Summer Course. Em 2018 consegue apoio do Criatório com o projeto a solo: DiRE-SoNo: “Discursos de (R)Evolução do Som no Espaço.
Juntamente com o compositor José Alberto Gomes é diretor artístico de Supernova Ensemble, onde desempenha também o papel de intérprete. Supernova é um projeto que incuba no programa de artista em residência da Circular – Associação Cultural, e foi criado para ir ao encontro de uma comunidade internacional dedicada à música inovadora em contextos performativos, de Sound Art e New Media, com grande foco no trabalho de colaboração, e é composto por artistas de formações e orientações diversas.
PaceD é o seu mais recente projeto em duo de percussão do qual faz parte juntamente com o percussionista João Carlos Pacheco.
Tem vindo a desenvolver vários outros projetos e colaborações, de salientar o mais recente trabalho que desenvolveu enquanto artista residente do projeto COPRAXIS Ectopia no i3S (Instituto de Investigação e Inovação em Saúde), onde desenvolveu juntamente com o artista José Alberto Gomes um trabalho de exploração e criação entre arte e ciência, mais especificamente com o grupo Epithelial Polarity & Cell Division do investigador e group leader Eurico Morais de Sá, de onde resultou a obra/instalação “And it keeps going or the never-ending song of life”.
É investigador do GIMC-CESEM, onde dedica particular interesse na mediação/colaboração entre compositor e intérprete na criação de nova música. É membro do Sond’Ar-te Electric Ensemble e colabora com Sonoscopia, Remix Ensemble, Coro Casa da Música entre outros. É docente na Universidade de Aveiro e na Universidade do Minho.

O concerto em vídeo

O concerto em fotografias