Iberian Ensemble

16 Abril, 2019 pelas 21h00 (terça)
na Igreja da Misericórdia


Entrada: 5€ ou 2.5€ para público afeto ao Conservatório

1.ª Parte

Iberian Ensemble

Programa

ROBERT DE VISÉE (c.1650 – c.1725)
Suite em ré menor; Allemande La Royalle – Courante – Sarabande – Gavotte – Chacone – Mafcarade Rondeau

PEDRO ANTÓNIO AVONDANO (1714-1782)
Triosonata em Sol Ré Maior; Sem indicação de tempo; Andante e piano sempre – allegro

PEDRO ANTÓNIO AVONDANO (1714-1782)
Lisbon minuets; Minueto I em Ré Maior; Minueto II em Fá Maior; Minueto III em Ré Maior; Minueto IV em Ré Maior; Minueto V em Ré Maior; Minueto VI em Sol Maior

ANTONIO VIVALDI (1678–1741)
Triosonata em Sol menor, RV85; Andante Molto – Larghetto – Allegro

Ficha Artística

Alexandre Andrade – Flauta Traversa
Rui Soares – Cravo
Vinícius Perez – Alaúde Barroco

Mecenas: Santa Casa da Misericórdia


Sabemos muito pouco da vida de Robert de Visée (c.1650-­c.1725). Nasceu em Viseu e o seu sobrenome original é desconhecido. Quando estudava música na universidade de Coimbra, era simplesmente chamado Robert de Viseu, prática comum nessa época na qual o apelido do indivíduo indicava a cidade de que provinha. Algum tempo depois partiu para Paris, onde estudou guitarra de 5 ordens com o virtuoso expatriado italiano Francesco Corbetta (c.1615-­1681) e mais tarde viola da gamba com Antoine Forqueray (1671-­1745), altura na qual seu nome assumiu a forma francesa pela qual ele é conhecido hoje. Também fez parte do coro da corte de Luís XIV e publicou dois conjuntos de suítes para guitarra, o “Livre de guitare dédié au roi” em 1682 e o “Livre de pièces pour la guitare” em 1686. Estes foram seguidos, 28 anos depois, por uma terceira e final coleção, as “Pièces de théorbe et de luth mises en partition dessus et basse”, publicadas em 1716 sob licença real. A Suite em Ré Menor está organizada nos seguintes movimentos; ALLEMANDE LA ROYALLE – COURANTE – SARABANDE – GAVOTTE – CHACONE – MAFCARADE RONDEAU.

A influência da música italiana, pelos mestres A. Vivaldi e Corelli foi uma constante em todo o séc. XVIII, em Portugal. A vida musical portuguesa na segunda metade do séc. XVIII viria a ficar marcada pelo contributo dado pelo mestre Pedro António Avondano (1741­‐1788), filho de músico italiano. Violinista, programador, compositor, foi um dos mais célebres compositores de música instrumental da segunda metade do século. Em paralelo com a sua intensa atividade artística, também era o principal responsável por dinamizar as noites em que reuniam os membros da colónia britânica na Assembleia das Nações Estrangeiras. Neste sentido, é provável que os Minuetos de Lisboa, bem como a Triosonata em Ré M, tenham sido escritos originalmente para este género de eventos, os quais se mantiveram em actividade regular até ao final do século. Em linhas gerais, estes os minuetos e a triosonata caracterizam‐se por movimentos melódicos elegantes, frases simples, mas cativantes e de fácil percepção para o ouvinte, sempre com um certo sabor melódico bem ao estilo italiano.

Este concerto encerra com a triosonata em sol menor RV 85 de A. Vivaldi. Esta triosonata tem uma estrutura muito simples, os movimentos são apresentados de forma binária com reprise, enquanto o alaúde e a flauta quase sempre executam a mesma linha melódica, mesmo a uma distância de oitava. A abertura, Andante molto, quando aproxima-­se da seção motívica clímax do “A”, Vivaldi distingue a linha de alaúde atribuindo a ela uma sequência de tercinas, quase que a configurar um pequeno solo. O mesmo procedimento pode ser observado na segunda seção, onde o alaúde recebe um arpejo imediatamente antes da retomada temática da primeira seção. O Larghetto central é um movimento muito delicado, também em forma binária, caracterizado por appoggiaturas patéticas e concluído por uma “petit reprise”. O Allegro final é um movimento animado em forma binária com o tema principal, jovialmente rítmico, no qual os instrumentos procedem quase constantemente em movimento paralelo, executando o mesmo material melódico.

Biografias

ALEXANDRE ANDRADE
Natural de Souto, concelho de Maria da Feira, é Professor auxiliar do I.S.E.I.T ‐ Viseu, Instituto Piaget (Portugal), professor Convidado da Universidade Federal de Alagoas e Universidade Federal da Bahia (Brasil) e prof. de Flauta no Conservatório de Música da JOBRA (Portugal). É Licenciado em Ensino de Flauta Transversal (Universidade de Aveiro) em 1995, na classe de Pedro Couto Soares, realizou o Mestrado em Performance na Irlanda (Waterford Institute of Technology) em 1997, tendo estudado música antiga com Rachel Brown. Doutorou-‐se em Música (Universidade de Aveiro) em 2005, dedicando a sua tese A presença da flauta traversa em Portugal de 1750 A 1850, seu repertório e performance do traverso na 2.ª metade do séc. XVIII e 1.ª metade do séc. XIX. Em novembro de 2013, no âmbito do programa Erasmus ministrou uma master classe e seminário no Real Conervatório Superior de Música de Madrid para as classes de Traverso e Flauta Moderna. Em setembro de 2016, concluiu o Mestrado em Interpretação -­ Música Antiga ­‐ Traverso, na ESMAE (Porto) na classe do prof. Olavo Barros. Também trabalhou em Orquestra Barroca com os professores Pedro Sousa e Silva, Ana Mafalda Castro, Benjamim Chénier e Marco Ceccato. Membro fundador dos agrupamentos Ensemble Ars Iberica, Iberian Ensemble e Ventos do Atlântico tem realizado concertos e formação na área da Música Antiga em Portugal continental, Açores, Espanha e Brasil.

RUI SOARES
Natural de Fiães, concelho de Santa Maria da Feira, Rui Soares é organista e cravista. Ainda muito novo foi admitido, como exceção (com 14 anos) na Escola de Ministérios Litúrgicos – Diocese do Porto – onde frequentou o Curso de Música Litúrgica. Em 2005, sob orientação do Prof. Luca Antoniotti, concluiu o Curso Complementar de Órgão no Conservatório Regional de Gaia. Paralelamente, com a Professora Ana Mafalda Castro, frequentou o Curso Livre de Cravo na ESMAE – Porto. Em 2006 concluiu o III Curso Nacional de Música Litúrgica na vertente Direção. É licenciado em Música Sacra pela Escola das Artes – Universidade Católica Portuguesa, onde concluiu a Disciplina de Órgão com nota máxima na classe do Prof. Luca Antoniotti. É membro fundador do Quarteto Vocal Gaudium Vocis e dirige o Grupo de Câmara Ulphilanis. Em 2012 finalizou o grau de Mestrado em música antiga no Conservatório de Amesterdão com a distinção “Cum laude” onde estudou cravo na classe do Prof. Tileman Gay, órgão na classe do Prof. Pieter Van Dijk e estuda regularmente com o Prof. Ton Koopman. É organista na Igreja da Senhora da Conceição no Porto e responsável pelos concertos diários na Igreja dos Clérigos da mesma cidade. Para além de inúmeros concertos em Portugal, já atuou em Espanha, França, Suíça, Itália e Holanda.

VINÍCIUS PEREZ
Nasceu no Rio de Janeiro e iniciou seus estudos musicais aos seis anos de idade, tocando guitarra clássica. Depois de terminar seus estudos de guitarra, ele decidiu se concentrar nos instrumentos antigos de cordas beliscadas, com particular ênfase no alaúde. Depois de estudar fontes históricas e literatura específica de alaúde (do início do século XVI até o final do século XVIII), frequentou a prestigiosa Schola Cantorum Basiliensis na classe de Hopkinson Smith, uma das maiores autoridades do mundo em instrumentos de cordas beliscadas. Vinícius Perez se apresenta regularmente como solista e como acompanhador, por exemplo, com a Kammerphilharmonie Graubünden, o Konzert Theater Bern, Renate Steinmann (Zürcher Barockorchester) e o Bach Collegium (Freiburg). Seu primeiro CD solo, “The Galant Lute”, é o resultado de sua pesquisa em prática de performance historicamente instruída e do seu desejo de possibilitar que o público moderno experimente o som encantador, galante e colorido do alaúde através de um repertório original e inédito.

O concerto