
Banda Sinfónica Portuguesa
05 Abril, 2025 às 21h00 (sábado)
no Teatro Viriato
Entrada: 6€ • Adquirir bilhete
Maiores de 3 anos. Bilhete obrigatório.
“Uma hora de música num hospício […], vontade de soltar uma gargalhada ou gritar até morrer, e ficamos espantados ao encontrar as coisas no seu devido lugar.”
Estas palavras do compositor Claude Debussy, ao referir-se explicitamente a “Till Eulenspiegel”, de Richard Strauss, definem com precisão o espírito deste programa. O repertório, cuidadosamente selecionado, apresenta quatro obras sinfónicas de uma ímpar qualidade artística, todas impregnadas de leveza, humor e uma alegria contagiante. Entre travessuras musicais e um ambiente de pura folia, o concerto promete transportar o público para um universo onde a diversão se entrelaça com a elegância, criando uma experiência vibrante, envolvente e inesquecível.
Programa
PARTE I
RICHARD STRAUSS (1864-1949)
“Till Eulenspiegel” (arr. José Schyns)
GEORGE GERSHWIN (1898-1937)
“An American in Paris” (arr. José Schyns)
PARTE II
DONALD GILLIS (1912-1978)
Sinfonia n.º 5 ½ “A Symphony for Fun” (arr. Maurice Ford)
I. Perpetual Emotion
II. Spiritual
III. Scherzofrenia
IV. Concluión
DARIUS MILHAUD (1892-1974)
“Le Boeuf sur le Toit” (arr. David Fiúza)
Ficha Artística
David Fiúza – Direção Musical
Banda Sinfónica Portuguesa
Flautas
Herlander Sousa
Daniela Anjo
Catarina Silva
David Leão (Piccolo)
Oboés
Filipa Vinhas
Juliana Félix
Fernanda Amorim (Corne Inglês)
Fagotes
Pedro Rodrigues
Beatriz Rios
Cristina Fernandes (Contrafagote)
Clarinetes
Tiago Bento (Concertino)
Marco Sousa
Pedro Ramos
Carina Batista
Gonçalo Pires
Eduardo Seabra
João Ramos
Nuno Sousa
Bruno Silva
Hélder Tavares
André Silva
Ana Rita Petiz
Luísa Marques
Rui Lopes
Filipe Pereira (Requinta)
Hugo Folgar (Cl. Baixo)
Saxofones
Rita Pereira (Alto)
Inês Alves (Alto)
Isabel Anjo (Tenor)
Rui Cunha (Tenor)
Pedro Almeida (Barítono)
Trompas
Samuel Ferreira
Nélson Silva
Rui Pires
Hélder Vales
Telma Gomes
Trompetes
Telmo Barbosa
Carlos Martinho
Sérgio Pereira
Tiago Peixoto
Lara Lopes
Bruno Rodrigues
Trombones
Tiago Nunes
Joaquim Oliveira
Carlos Silva
Gonçalo Dias (Trombone Baixo)
Eufónios
Nuno Costa
Luís Gomes
Tubas
Jorge Fernandes
Ana Marques
Percussão
Sandro Andrade (Tímpanos)
Pedro Góis
Luís Santiago
Jorge Lima
Paulo Mota
Contrabaixo
Cláudia Carneiro
Joana Vaz
Francisco Ferreira – Direção Executiva
Horácio Ferreira – Direção Artística
José Rafael Pascual Vilaplana – Maestro Associado
Dino Gabriel, Carlos Rodrigues – Montagem e Produção
Mariana Aguiar – Secretariado
Luís Oliveira – Comunicação
Pedro Jobling – Imagem
Mecenas
Detalhes do Programa
Richard Strauss: TILL EULENSPIEGEL
Till Eulenspiegel é um personagem folclórico do séc. XIV do norte da Alemanha e da Holanda, que foi a inspiração para diferentes obras literárias. Till é caracterizado por ter uma personalidade zombeteira e irreverente, que comete travessuras continuamente e muitas vezes sai ileso através de sua habilidade irônica na oratória.
Com este enredo inspirador, Strauss escreve um poema sinfónico absolutamente virtuoso, espirituoso e engraçado, criando uma partitura em que prepara o palco musical para diferentes aventuras de Till. Usa uma estrutura de rondeau: a melodia principal apresenta dois temas que descrevem Till (o primeiro na trompa apresenta seu caráter heroico e triunfal, e o segundo na requinta refere-se à personalidade sarcástica e burlesca); os episódios narram as várias aventuras e travessuras que Till comete.
A obra tem uma intenção autobiográfica, na qual Strauss se manifesta como um compositor “pernicioso”, que escreve a música que o satisfaz e da qual está convencido, mesmo que colida com as tendências da época ou contra os convencionalismos da tradição. O mesmo compositor escreve sobre esta obra que “a intenção é divertirmo-nos bem pela primeira vez numa sala de concertos”.
Em 1928 George Gershwin decide fazer uma viagem à Europa (Paris e Viena), com objetivos turísticos, mas também com a inquietação de conhecer em primeira mão a tradição sinfónica do velho continente. Lá ele conhece pessoalmente Milhaud, Auric, Poulenc, Prokofiev, Stravinsky, Ravel, Lehár, Kálmán e Alban Berg; Como anedota sabemos que ele pede aulas de composição a Stravinsky e Ravel, mas nenhum deles aceita, e eles argumentam que sua qualidade e autenticidade está acima de ser um aluno deles.
Desta viagem produtiva resulta a composição da obra Um americano em Paris, de carácter autobiográfico, que o próprio autor descreve com estas palavras: “A minha intenção é representar aqui as impressões de um americano que visita Paris, e que ao caminhar pela cidade presta atenção aos ruídos da rua que se impregnam com a atmosfera parisiense. Não é de todo tentar evocar certas cenas… Cada ouvinte pode encontrar na peça os episódios sugeridos pela imaginação.”
A maior relevância desta fantástica composição é a fusão do jazz no discurso sinfónico. Está estruturado em 2 partes distintas: a primeira descreve as impressões de Paris com uma clara influência de autores franceses impressionistas (Debussy e o grupo Les Six), e a segunda apresenta a essência americana com um belo blues combinado com um charleston.
Um americano em Paris “vive” com descuido, por vezes com emoção, mas nunca deixa o ouvinte indiferente, que pode ser seduzido, por razões análogas a Till Eulenspiegel de Strauss, pelas transformações criativas das melodias, que são facilmente reconhecíveis, e sobretudo por uma orquestração brilhante e virtuosa. Esta obra fantástica tornou-se também popular como música para ballet e como banda sonora no cinema. Donald Gillis: SYMPHONY 5 ½ “A symphony for fun”
Depois de terminar a Sinfonia n.º 5 e antes de compor a n.º 6, o norte-americano Donald Gillis escreve a Sinfonia 5 1/2 , com o subtítulo “Symphony for Fun”. O título e o subtítulo são suficientes para se ter uma ideia clara desta música: em relação à estrutura é uma sinfonia escolástica (4 andamentos com as formas tradicionais – sonata, lento, scherzo, rondeau), mas o conteúdo narrativo é absolutamente distendido, informal e divertido.
O maestro Arturo Toscanini foi a força motriz por trás dessa composição, em um contexto em que, após a Segunda Guerra Mundial, a música sinfónica transitou por uma tendência modernista muito sofisticada e desconectada da compreensão pública; as consequências traduziram-se num declínio em que as salas de concerto estavam cada vez mais vazias e os compositores afastados da sociedade.
Donald Gillis, tal como Gershwin, pretende restabelecer a ligação direta da música sinfónica à sociedade, criando uma linguagem popular, simples e envolvente, em termos de humor e diversão, em que o uso da melodia e a incorporação do folclore e do jazz foram a chave para o sucesso do seu objetivo.
A sinfonia é introduzida com a canção popular “London Bridge” ao estilo das marchas de John Philip Sousa, para continuar com uma forma sonata em que os temas principais estão na linguagem do jazz, com os sons das notas “blues”. O segundo andamento retrata uma canção de coro gospel usando a música folclórica “Ol’ Man River”, e disfarçada com o som bem conhecido do lento da Sinfonia nº9 de Dvorak. O terceiro andamento é um scherzo que apresenta uma personalidade esquizofrénica, combinando um tema sinfónico scherzante com diferentes texturas jazzísticas (blues, latin-jazz, fanfarras de big band, etc.). A peça termina com um breve rondeau em forma de dança frenética com ritmos sincopados. Darius Milhaud: LE BOEUF SUR LE TOIT
Durante a Primeira Guerra Mundial, o francês Darius Milhaud exilou-se no Brasil para ser secretário do embaixador Paul Cladel. Assim como Gershwin descreve sua viagem à Europa na peça “Um Americano em Paris”, Milhaud descreve as impressões do Brasil e a exuberância da vida na cidade do Rio de Janeiro na partitura “Le boeuf sur le toit”.
A circunstância de Milhaud ter chegado ao Rio de Janeiro em época carnavalesca tem como consequência que ele concebe uma obra musical com a técnica da collage, reunindo canções folclóricas, tangos, rumbas e até um fado português. Assim como Strauss usa a forma do rondeau para descrever as várias aventuras de Till Eulenspiegel, a partitura de Milhaud compartilha a forma de rondeau, em que eles se alternam com irresistíveis ares impulsivos de dança – samba, tango, rumba, conga, etc. – e o tema popular “Le boeuf sur le toit” como um refrão, que pode ser ouvido até 15 vezes. Neste caso, o refrão retrata um barman de um bar, que descreve em cada episódio os vários personagens pitorescos que desfilam pelo seu estabelecimento.
A linguagem, muitas vezes politonal, oferece uma segurança notável e sabe combinar em perfeito equilíbrio a alegria superficial, a frescura da inspiração e a pluralidade de emoções fugazes (uma das quais é uma citação de Chopin), conferindo verdadeiro valor a esta hilariante obra.
Assim como em “Um Americano em Paris” de Gershwin, esta obra de Milhaud foi concebida para ter unha vida no cinema (foi uma tentativa frustrada de banda sonora para um filme do cineasta Charles Chaplin), mas que mais tarde ganhou uma segunda chance como música para um ballet numa pantomima surreal do coreógrafo Jean Cocteau.
Biografias
BANDA SINFÓNICA PORTUGUESA
A Banda Sinfónica Portuguesa (BSP), sediada na cidade do Porto, estreou-se a 1 de janeiro de 2005 no Rivoli, Teatro Municipal do Porto, onde gravou também o seu primeiro disco. Desde então, tem-se afirmado como um agrupamento de excelência no panorama das orquestras de sopros e percussão, apresentando-se regularmente nas mais importantes salas de espetáculo portuguesas, como a Casa da Música, o Coliseu do Porto, a Fundação de Serralves ou a Fundação Gulbenkian. Além disso, tem desenvolvido diversas colaborações com municípios e instituições culturais. A nível internacional, a BSP já atuou em Espanha, nos Países Baixos e na China.
A discografia da BSP reflete a sua diversidade e qualidade artística, com álbuns como “A Portuguesa” (2010), “Traveler” (2011), “Hamlet” (2012), “Oásis” (2013), “Grand Concerto pour Orchestre d’Harmonie” (2014), “Sinfónico” com a banda Quinta do Bill (2015), “Trilogia Romana” (2015), “Porto” (2016), “The Ghost Ship” (2017) e “Música Ibero-Americana” (2019).
Ao longo da sua existência, a BSP promoveu o vasto repertório para a sua formação, que vai desde arranjos clássicos a estreias contemporâneas. Fomentou a música portuguesa, tendo realizado encomendas a compositores como Luís Tinoco, Jorge Salgueiro, Luís Carvalho, Pedro Lima, entre outros. Potenciou cruzamentos disciplinares com o Teatro “O Bando” e a Companhia Olga Roriz, bem como com o Quarteto Contratempus. A vertente pedagógica da BSP inclui iniciativas como o festival BSP Júnior, cursos de direção e aperfeiçoamento artístico, concursos de composição e parcerias com instituições públicas de ensino.
Entre as diferentes distinções, destaca-se o 1.º lugar no Concurso Internacional de Bandas de La Sénia (2008) e a mais alta pontuação na história do World Music Contest, em Kerkrade, Países Baixos (2011). A BSP foi também convidada a participar no 18.º Festival do World Music Contest em Kerkrade e na 17.ª Conferência Mundial da World Association for Symphonic Bands and Ensembles, em Utrecht. Em 2023, foi distinguida pela RTP e pela Antena 2 pelo seu contributo à cultura portuguesa.
A BSP é uma associação cultural sem fins lucrativos, com estatuto de instituição de utilidade pública. Francisco Ferreira ocupou o cargo de maestro titular e diretor artístico desde a sua fundação. Atualmente, a direção artística está a cargo de Horácio Ferreira, tendo José Rafael Pascual Vilaplana como Maestro Associado.
David Fiúza Souto (1985, Vila de Cruces) iniciou os seus estudos musicais na Banda Artística de Merza. Obteve o Grau Superior de Clarinete (Conservatório Superior de Vigo), o Grau Superior em Direção de Banda (Hogeschool Muzik Zuyd em Maastricht) e o Grau Superior em Direção de Orquestra e Coro (Conservatório Superior “Joaquín Rodrigo” em Valência); Estudou composição no Conservatório Superior de Vigo. Foi maestro titular da Banda Musical Unión de Meaño (2007-2013), da Banda Sinfónica da CIM “La Armónica” de Buñol (2014-2017), da Banda Sinfónica da Federação Galega de Bandas (2016-2017), da Banda Artística de Merza (2017-2019), da Banda de Lalín (2019-2021) e da Banda Municipal de Santiago de Compostela (2021-2024). Trabalhou também como professor associado no “Conservatori Superior de les Illes Balears”, maestro principal do Mallorca Saxophone Ensemble (2012-2017). Foi convidado a dirigir programas com: Real Filharmonía de Galicia, Orquestra de Guimarães, Banda Sinfónica Portuguesa, Banda Municipal de A Coruña, Banda Municipal de Santiago de Compostela, Banda Sinfónica Municipal de Madrid, Banda Municipal de Palma de Maiorca, Norwegian Wind Ensemble, Gran Canária Wind Orchestra, Orquestra Sinfónica de Pontevedra, Orquestra Simfonica da Companhía Portuguesa da Opera, Orquestra Filharmónica Cidade de Pontevedra, Orquestra Sinfónica da CIM “La Armónica” de Buñol, Orquestra Xoven Vigo 430, Banda Municipal de Pontevedra, Banda Municipal de Ourense, Banda Sinfónica da Federação Galega de Bandas, Banda Sinfónica Xuvenil da Federação Galega, várias bandas sinfónicas de estágios em Portugal (Amarante, Torres Novas, Viana do Castelo, Lousada, Castelo de Paiva), e várias bandas filarmónicas na Galiza, Catalunha e Comunidade Valenciana. Atualmente é o maestro titular da Banda Municipal de Lugo, da Gran Canaria Wind Orchestra e da Banda Sinfónica da Galiza.