23 Abril 2016: Capella Joanina & Flores de Mvsica
21h00 – Catedral de Viseu.
Notas do Programa
VÉSPERAS DA BEATA VIRGEM MARIA DE JOÃO LOURENÇO REBELO
João Lourenço Rebelo (1610-1661) é talvez o maior compositor de música religiosa do século dezassete em Portugal, e quiçá o mais extravagante. Num período conturbado em termos políticos, Rebelo desenvolve uma escrita fraturante e singular, alicerçada na excepcional tradição polifónica portuguesa e alinhada com a vanguarda musical do Barroco Inicial Italiano. A qualidade da escrita de Rebelo revela-se na competência e exuberância do contraponto, na engenhosa concepção formal e na audácia como trata as dissonâncias, resultando em progressões tonais deveras inusitadas que fazem deste compositor um dos génios musicais europeus. Da sua obra apresenta-se aqui um conjunto de salmos e antífonas que reconstituem o ciclo de Vésperas da Beata Virgem Maria, onde avulta a versão para 16 vozes e continuo do salmo Lauda Jerusalem.
Ficha Técnica
Vésperas da Beata Virgem Maria
de João Lourenço Rebelo;
Direção: João Paulo Janeiro
Esperanza Rama, Francesco Divito, sopranos
Antonello Dorigo, Antonella Marotta Fabiola Martinez, Kiriko Matsumura, altos
Bruno Nogueira, tenor
Marco Paganelli, barítono
Filipa Oliveira, Jorge Ferreira, Jostein Gundersen, flautas de bisel
Tiago Freire, Manoel Pascual, cornetas
Hugues Kesteman, baixão e dulçaina
Alejandro Marías, Filipa Meneses, Jasmina Capitanio, violas da gamba
Marta Vicente, violone 8’ e violone 16’
Roberto Caravella, tiorba
João Paulo Janeiro, órgão e direção
Biografias
CAPELLA JOANINA
Este agrupamento vocal é constituído por um conjunto de cantores solistas que fazem da prática da música antiga uma das linhas de trabalho mais relevantes da sua carreira profissional, quer em Portugal, quer no estrangeiro. Os objetivos centrais do trabalho deste agrupamento são a exploração e a difusão dos reportórios sacros e profanos de música vocal que podemos encontrar em Portugal desde o século dezasseis até inícios do século dezanove, abarcando peças de compositores portugueses e estrangeiros que desenvolveram a sua atividade profissional no nosso país, neste período. Nos diferentes programas que o agrupamento prepara são integradas as peças que resultam do trabalho de estudo e transcrição realizado pelo diretor musical. Fundada em 2005 por João Paulo Janeiro, a Capela Joanina emerge do grupo de música antiga Flores de Música, o qual, a partir de Novembro do mesmo ano passou a ser constituído exclusivamente por instrumentistas.
A sua primeira apresentação formal ocorreu aquando da comemoração da passagem dos duzentos e cinquenta anos sobre a data do terramoto de 1755, no Centro Cultural de Belém, onde executou a peça Matuttino de morti de David Perez. Posteriormente tem-se apresentado no CCB, por ocasião da ‘Festa da Música’ e ‘Dias da Música de Belém’, em parceria com o agrupamento Flores de Música, onde apresentou vários programas de música religiosa, designadamente o Te Deum de Francisco António de Almeida para solistas, coro e orquestra; um programa com obras de Carlos Seixas, e um outro dedicado à música nos conventos portugueses do período Barroco.
Realizou também um ciclo de concertos para a Artemrede, Percursos do Sagrado e do Profano na Música Vocal dos Séculos XVI, XVII e XVIII, tendo-se apresentado nos Festivais de Música de Alcobaça e de Sintra, e também no Convento dos Capuchos, em Almada, e no Montijo. Apresentou-se na Temporada de São Roque, onde apresentou música portuguesa religiosa dos séculos XVII e XVIII.
FLORES DE MVSICA
Fundado em 1989 por João Paulo Janeiro, o agrupamento Flores de Música dedica a maior parte da sua atividade à execução e à divulgação da música executada em Portugal nos séculos dezassete e dezoito.
Para tal, assume configurações diversas, desde o trio à orquestra do Barroco tardio, sendo que a partir de 2005, circunscreve o seu trabalho ao repertório exclusivamente instrumental. Os repertórios que executa abrange diversos géneros musicais de diferentes escolas. Destes repertórios, tem apresentado várias obras em primeira audição moderna, de onde se destacam, entre outras, o Te Deum e a Missa em Fá de Francisco António de Almeida, para solistas coro e orquestra — que gravou para CD —bem como de outros compositores, designadamente, Luciano Xavier dos Santos, Pereira da Costa, Carlos Seixas e David Perez, do qual apresentou o Matuttino de’ Morti ni CCB por ocasião do assinalar da passagem dos 250 anos sobre o terramoto de 1755. Esta obra está também gravada para CD e irá sair em breve no Mercado.
Colaborou com o Ministério da Cultura, Fundação Calouste Gulbenkian e Centro Cultural de Belém na realização de diversos concertos, nomeadamente, no programa da Difusão das Artes do Espetáculo, no ACARTE, na´Festa da Música’ e ‘Dias da Música’. Realizou também numerosos concertos e gravações também para as capitais europeias da cultura de Lisboa e do Porto e para a RDP-Antena 2. Tem-se apresentado em diferentes festivais de música em Portugal e em Espanha.
JOÃO PAULO JANEIRO
Intérprete de instrumentos de tecla históricos, divide a sua atividade profissional entre a investigação, concertos, gravações e a docência. Fez a sua formação em Lisboa, onde completou os estudos em cravo, órgão, clavicórdio e musicologia histórica. Fundou e dirige os agrupamentos Flores de Mvsica, Capella Joanina e Concerto Ibérico – Orquestra Barroca, com os quais tem difundido ativamente património musical de Portugal. Colaborou com grandes orquestras portuguesas e estrangeiras em concertos e gravações. Gravou diversos CD em órgãos e instrumentos de tecla. Gravou vários CD e programas para a rádio e televisão com outros agrupamentos dedicados à música portuguesa. Participou em vários festivais de música internacionais em Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, como solista ou dirigindo os seus agrupamentos ou outros. Responsável pelas edições críticas das Sonatas e Duetos de João Baptista Avondano e pelo projeto editorial das obras completas de Francisco António de Almeida na MAACedita, no âmbito do qual concluiu as partituras e os CD do Te Deum e da Grande Missa em Fá, o qual sairá no mercado em breve. Gravou também para CD o Matuttino de’ Morti de David Perez e prepara a respetiva edição crítica; bem como da música de câmara de Pedro António Avondano e do repertório português. Prepara as edições críticas de La Pazienza di Socrate da primeira ópera de um compositor português — F. A. Almeida — e da abertura das vésperas Domine ad Adjuvandum me Festina, para solistas coro e orquestra também do mesmo compositor. Tem trabalhado também na reconstrução dos Concertos Grossos de Pereira da Costa, Mestre de Capela da Sé do Funchal, escritos em meados do século dezoito. Concebeu os projetos e dirige os festivais ‘West Coast Early Music Festival’, Ciclo de Teclas Fim da Tarde’, ‘Série Ibérica de Música Antiga’ e ‘Jornadas de Órgão do Alentejo’. Realizou o Inventário de Órgãos Históricos do Alentejo para a Direção Regional da Cultura e coordenou alguns processos de restauro naquela região. Concebeu e dirige os Cursos Internacionais de Música Antiga (Idanha-a-Velha) e os Concursos Internacionais de Jovens Intérpretes de Música Antiga. Leciona cravo, música de câmara e baixo contínuo e as classes de interpretação histórica na ESART-IPCB e de órgão na EMNSC. Tem realizado diversas atividades pedagógicas de difusão dos instrumentos de tecla históricos e da performance histórica, bem como concertos e dirigido masterclasses de cravo, baixo contínuo e orquestra barroca.
É presidente da MAAC, membro fundador do CESEM (FCSH-UNL) e da Sociedade Portuguesa de Investigação em Música (SPIM). Tem apresentado comunicações e publicado artigos na área da organologia e música barroca portuguesa e realizado numerosas primeiras audições modernas de obras do património musical português. Prepara uma dissertação sobre o baixo contínuo na música de João Lourenço Rebelo.
O concerto
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