Orquestra Filarmónica Portuguesa [Estreia de 3 Obras Portuguesas]

22 Abril, 2022 pelas 21h00 (sexta)
na Escola Secundária Emídio Navarro


Entrada: 5€ • Adquirir bilhete
Idade: Maiores de 6 anos.

Programa

SARA CARVALHO (1970)
Naked Lunch

JOSÉ CARLOS SOUSA (1972)
As 7 Trombetas e a Nova Jerusalém

MIGUEL AZGUIME (1960)
La Transfiguration de l’Impossible


Ficha Artística

Orquestra Filarmónica Portuguesa
Osvaldo Ferreira – Maestro
José Carlos Sousa, Sara Carvalho, Miguel Azguime – Compositores
Encomenda conjunta do Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu e da Miso Music Portugal


Parceiro: Miso Music Portugal


3 Novas Obras de Compositores Portugueses – Notas do programa

SARA CARVALHO
“Naked lunch”

“O título da obra (Naked lunch) é retirado dum romance de William S. Burroughs, publicado em 1959.
Citando Burroughs, the title means exactly what the words say: naked lunch, a frozen moment when everyone sees what is on the end of every fork [“o título significa exactamente o que as palavras referem: um almoço nu, um momento suspenso em que todos vêem o que está na ponta de cada garfo”].
Tal como acontece no romance, usei uma narrativa por vezes desconexa. Na minha peça, os episódios musicais são apresentados de forma a não seguirem um padrão de causalidade direta, funcionando como se fossem uma imersão súbita num sonho, ou seja, o contar de outra “história” dentro do enredo principal. Assim, algo que foi ouvido antes reaparece muito depois, com o objetivo de criar uma série de relações e ecos intra-musicais.
Naked Lunch resulta de uma encomenda conjunta do Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu e da Miso Music Portugal e foi escrita entre Setembro de 2021 e Março de 2022.”
– Sara Carvalho

MIGUEL AZGUIME
“La Transfiguration de l’Impossible”

““La Transfiguration de l’Impossible”, resulta de uma encomenda conjunta do Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu e da Miso Music Portugal e foi escrita entre Setembro de 2021 e Fevereiro de 2022.
Como tudo o que escrevo, esta peça é dedicada à Paula, a minha companheira de sempre, mas também a toda a humanidade que neste tempo presente procura uma alternativa para a vida na Terra e para a vida da Terra, e que aspira a um novo paradigma civilizacional que abra um igualmente novo caminho interior e ético, em direção ao Ser.
O material da peça resume-se a uma operação de transposições sucessivas sobre um espetro sonoro por modulação de frequência, naturalmente microtonal, partindo de um Mi bemol e regressando a ele.”
– Miguel Azguime

JOSÉ CARLOS SOUSA
“As 7 Trombetas e a Nova Jerusalém”

As 7 Trombetas e a Nova Jerusalém resulta de uma encomenda conjunta do Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu e da Miso Music Portugal e foi escrita entre Dezembro de 2021 e Março de 2022.
Esta obra é inspirada nos capítulos 8, 9 e 21 do livro de Apocalipse. Sete anjos tocam sete trombetas anunciando sofrimento e dor através de sete pragas castigadoras da humanidade; no entanto Deus espera a conversão do homem e por essa razão a humanidade não é destruída.
Musicalmente as Trombetas são representadas pelos metais da orquestra com pequenos solos que nos transportam para esse ambiente de dor relatado no texto. As texturas desenvolvidas são de grande complexidade harmónica e rítmica e de grande massa sonora.
A parte final da obra deixa-nos esperança, a Nova Jerusalém, descrita no capítulo 21, como uma cidade santa, grandiosa, bela e riquíssima, apresenta o Céu e a glória de Deus.
As texturas densas da secção anterior, dão lugar a texturas mais simples, calmas e de harmonias perfeitas, transportando-nos para uma dimensão celestial.
No momento presente de dor e sofrimento humano provocados pela guerra, dedico esta obra a todas as pessoas que perderam suas famílias, nesta e em todas as guerras que o homem teimosamente continua a travar.
Que a paz chegue urgentemente.”
– José Carlos Sousa

Biografias dos Intérpretes

OSVALDO FERREIRA
Na qualidade de diretor convidado, Osvaldo Ferreira apresentou-se, recentemente, com a Orquestra Filarmónica de São Petersburgo, na Rússia, Orquestra Gulbenkian, em Lisboa, Orquestra Sinfónica de Nuremberga e Orquestra da Rádio Renana, na Alemanha e ainda com a Orquestra Sinfónica da Venezuela, entre outras.
Osvaldo Ferreira é o diretor artístico da Orquestra Filarmónica Portuguesa.
Em Portugal, foi diretor artístico da Orquestra do Algarve e do Festival Internacional de Música do Algarve. Gravou vários CDs com obras de autores portugueses para a editora Numérica e um CD duplo com sinfonias de Mozart. Com a Orquestra do Algarve, apresentou-se em Viena, Bruxelas, Lisboa, Sevilha, Porto, Curitiba e Londres. Foi o diretor musical da Oficina de Música de Curitiba.
No seu percurso destaca-se ainda o seu trabalho à frente de importantes orquestras: Filarmónica de São Petersburgo, Sinfónica de Roma, Orquestra Gulbenkian, Orquestra de Praga, Filarmónica de Lodz, Filarmónica da Silésia, Sinfónica de Nuremberga, Filarmónica da Rádio Renana, Orquestra Nacional do Porto, Orquestra do Teatro Nacional de São Carlos, Orquestra do Festival de Música de Aspen (E.U.A.) e Orquestra Nacional da Venezuela, entre outras.
Realizou um mestrado em direção de orquestra em Chicago e uma pós-graduação no Conservatório de São Petersburgo, na classe de Ilya Mussin. Foi laureado em 1999 no Concurso Sergei Prokofiev, na Rússia. Recebeu o “Fellowship” do Festival de Música de Aspen, onde frequentou a American Conductors Academy. Foi assistente do maestro Claudio Abbado em Salzburgo e Berlin. Estudou ainda com Jorma Panula e David Zinman, foi bolseiro do Ministério da Cultura de Portugal e da Fundação Calouste Gulbenkian.

ORQUESTRA FILARMÓNICA PORTUGUESA
Fundada em Maio de 2016 por Osvaldo Ferreira e Augusto Trindade, a Orquestra Filarmónica Portuguesa (OFP) é amplamente reconhecida, pelo público e pela crítica, como uma das melhores orquestras sinfónicas nacionais. Os elevados padrões de qualidade e de exigência impressos desde a sua génese, levam-na a integrar um conjunto de músicos de elevado nível técnico e artístico, como sejam instrumentistas premiados em concursos nacionais e internacionais, ex-integrantes da Orquestra Jovem da União Europeia e músicos estrangeiros residentes em Portugal. Ao juntarem-se a este projeto diferenciador e inovador, estes músicos são elementos-chave numa orquestra que é uma verdadeira referência e um símbolo de qualidade.
A Orquestra Filarmónica Portuguesa produz concertos sinfónicos, ópera e promove ligações a outros géneros artísticos, numa procura constante do desenvolvimento de eventos e espetáculos diferenciadores e únicos, construindo, desta forma, a reputação de ser uma orquestra ímpar no panorama musical português, pela sua versatilidade, ecletismo e visão de futuro.
Com uma reputada rede de parceiros de prestígio global que inclui a Harrison Parrott, Camerata RCO (membros da Royal Concertgebouw Orchestra), Berliner Camerata e Brass Academy Alicante, entre muitos outros, tem sido presença assídua nas principais salas de espetáculo e Festivais portugueses, contando com a participação de prestigiados solistas internacionais, de entre os quais se destacam Eldbjørg Hemsing, Kristina Miller, Mayuko Kamio, Miroslav Kultyshev, Pavel Gomziakov, Pavel Milyukov, Ray Chen, Soyoung Yoon ou Yang Liu. Paralelamente, tem vindo a apostar em talentosos intérpretes Portugueses tais como Ana Beatriz Ferreira, Cristiana Oliveira, João Bettencourt da Câmara, Horácio Ferreira, Luísa Tender, Marco Alves dos Santos, Raúl da Costa ou Vasco Dantas.
A Orquestra Filarmónica Portuguesa é a orquestra selecionada e convidada pela UNESCO para a realização de um concerto em Paris, na sede desta organização mundial, integrado no programa de celebrações do Dia Internacional da Língua Portuguesa em 2022.
O concerto realizado no dia 2 de Maio de 2021 no CCB, dedicado à música e língua portuguesa, integrado na agenda oficial da Presidência Portuguesa da União Europeia (PPUE), foi gravado e transmitido pela RTP e Antena 2, tendo merecido os mais rasgados elogios por parte do público e da crítica especializada, com especial destaque para a do Dr. Rui Vieira Nery, que muito honrou a OFP.
A Orquestra Filarmónica Portuguesa conta com a Direção Artística do maestro Osvaldo Ferreira, um dos mais representativos chefes de orquestra nacionais da atualidade.

Biografias dos compositores

JOSÉ CARLOS SOUSA
José Carlos Almeida de Sousa nasceu em Viseu – Portugal, em 1972. Iniciou os seus estudos musicais no Conservatório Regional de Música Dr. Azeredo Perdigão, na sua cidade natal onde concluiu o curso geral de composição em 1995.
Em 1996 prossegue os seus estudos na Universidade de Aveiro, onde concluiu a sua Licenciatura em Composição, no ano de 2000.
Estudou composição e música eletrónica com Evgueni Zoudilkin, João Pedro Oliveira e Isabel Soveral. Frequentou ainda vários seminários de composição e música eletrónica orientados pelos compositores; Jorge Antunes, Alain Sève, Tomás Henriques, Flo Menezes, François Bayle e Emmanuel Nunes.
Em Junho de 2005 concluiu, na Universidade de Aveiro, um mestrado em música com especialização em composição, subordinado ao tema “O Timbre e suas Metamorfoses no Processo Composicional da Música Electroacústica”.
Já lecionou na Universidade de Aveiro e no Instituto Piaget em Viseu.
Foi conjuntamente com Paula Sobral organizador e diretor artístico do Concurso e Festival Internacional de Guitarra Clássica de Sernancelhe, até à sua 15ª edição.
Desde 2008 que organiza e é o Diretor Artístico do Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu.
Em 1995 ganhou o primeiro prémio do 1º concurso de composição do conservatório onde estudou, com a obra infantil para piano, “Almofada”.
No Concurso de Composição Eletroacústica “Música Viva 2000”, foi agraciado com uma Menção Honrosa.
Em Abril de 2001 foi premiado com a sua obra “Viagem” no referido concurso, integrado na Porto 2001 Capital Europeia da Cultura.
As suas últimas obras, resultam da encomenda de várias instituições nacionais e internacionais e a sua música tem sido tocada em várias cidades portuguesas e em vários festivais de música: Festival Música Viva (Portugal), Primavera en La Habana (Cuba), Aveiro Síntese (Portugal), “33e Festival International des Musiques et Créations Electroniques” (Bourges – França), Concurso e Festival Internacional de Guitarra (Sernancelhe – Portugal), 14th World Saxophone Congress (Slovenia), “Guitarmania” – Festival Internacional de Guitarra Clássica (Almada – Portugal), Festival de Guitarra de Palência (Espanha), Festival Dias de Música Eletroacústica (Seia – Portugal), “Síntese” – Ciclo de Música Contemporânea da Guarda (Portugal), Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso (Portugal), Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu (Portugal), 8e Festival International Guitar´Essonne – (Paris, França), Dias de Música Eletroacústica no Santa Cruz Air Race (Portugal), Festival de la Guitarra de Sevilla (Espanha), Tempo Reale Festival 2018 Florença (Itália), “Soundscape Music – 2019” em Corfu (Grécia).
Atualmente é professor de composição no Conservatório de Música de Viseu, exercendo também o cargo de Diretor Pedagógico do Conservatório desde 2004.

SARA CARVALHO
(1970) é professora associada no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, onde acumula as funções de diretora do Programa Doutoral em Música, vice-diretora do curso de Licenciatura em Música e coordena a área de composição. É investigadora integrada do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos de Música e Dança e os e os seus interesses de investigação centram-se nas áreas de Composição e Educação em Música.
Enquanto compositora está interessada na interação das artes performativas, enquanto extensão e transformação do pensamento musical, e em aspetos associados a gesto, narrativa musical, o público enquanto performer, e colaboração compositor-performer.
O seu folio tem mais de 60 obras que são regularmente tocadas tanto em Portugal como no estrangeiro, fruto de encomendas de instituições, ensembles e solistas de mérito internacionalmente reconhecido, tais como: Antonietta Loffredo, Appassionato Ensemble, Black Hair, Borealis Ensemble, Borislava Taneva, Capricorn Ensemble, Composers Ensemble, ContinuoDuo, Duo Sond’Ar-te, Duque Quartet, Ensemble Lontano, Ensemble Móbile, Ensemble Neue Musik Bratislava, Ensemble Vertixe Sonora, Erato Alakiozidou, Guenadie Rotari, Henrique Portovedo, João Roiz Ensemble, Marcel Worms, Mieko Kanno, Medea String Quartet, Northen Symphonia, Orquestra Metropolitana de Lisboa, OrquestrUtopica, Performa Ensemble, Raquel Camarinha, Remix Ensemble, Síntese, Sond’Ar-te Electric Ensemble, University of York Chamber Orchestra, Verge Ensemble, entre outros.
Várias das suas obras estão disponíveis em CD. Em 2012 foi lançado o seu CD monográfico, “7 pomegranate seeds”, editado pela Numérica. Muitas das suas partituras estão publicadas no Centro de Informação & Investigação da Música Portuguesa, e nas editoras Babel Scores e Wirripang Pty. Ltd, Australia.
Na área da Educação em Música investiga questões relacionadas com a influência dos processos criativos no desenvolvimento do pensamento musical. Temáticas de pesquisa incluem: criatividade na educação, optimização do ensino-aprendizagem na sala de aula, influência de projetos musicais artísticos na Escola e/ou Comunidades, educação musical de adultos, e emoção e fluxo em contexto Musical.
Entre 2005 e 2017 foi regularmente convidada a integrar painéis de peritos da Comissão Europeia, para a avaliar Programas como Cultura e Europa Criativa. Apresenta-se regularmente em conferências internacionais, e o seu trabalho está publicado em diferentes periódicos e capítulos de livros, como a ASHGATE/SEMPRE Studies: The Psychology of Music Series, Routledge e London: Imperial College Press.
Tem sido convidada como júri de composição de diversos concursos dos quais se destacam “Concurso Internacional: Arioso Musica Domani: International Competition Prize 2010 e 2012”, 9º e 13º Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim, e Prémio de Composição SPA / Antena 2 / 2021.

MIGUEL AZGUIME
Compositor, poeta, performer, Miguel Azguime nasceu em Lisboa em 1960. Em 1985, fundou com Paula Azguime o Miso Ensemble, projeto de autor singular, largamente reconhecido pelo público e pela crítica, com um percurso de mais de 800 concertos realizados por todo o mundo.
Miguel Azguime obteve vários prémios de composição e de interpretação e o seu catálogo compreende mais de 100 obras para as mais diversas formações, instrumentais e/ou vocais, com e sem eletrónica.
Recebeu encomendas de inúmeras instituições públicas e privadas, nacionais e estrangeiras e a sua música tem presença regular nalguns dos mais importantes festivais internacionais de música contemporânea, dos EUA ao Japão, pela mão de prestigiados maestros, solistas e agrupamentos.
Miguel Azguime foi compositor residente em numerosos estúdios de criação internacionais e em 2006 foi compositor residente do Kunstlerprogram da DAAD em Berlim, onde residiu até 2012.
À sua intensa atividade como compositor, poeta e performer, vem juntar-se uma constante dedicação na divulgação e fomento das novas linguagens musicais e das relações da música com a tecnologia. Neste sentido tem multiplicado as ações, destacando-se a fundação da Miso Music Portugal (centro de criação e produção musical), a fundação do Centro de Investigação & informação da Música Portuguesa (centro dedicado ao património musical português) e a fundação do Sond’Ar-te Electric Ensemble.

O concerto