O Bando do Surunyo

13 Abril, 2024 pelas 21h00 (sábado)
na Igreja da Misericórdia


Entrada: 3€ • Adquirir bilhete
Maiores de 3 anos. Bilhete obrigatório.​

“Em Fogo de Amor” é um espetáculo inebriante que navega pelas ricas águas da música dos séculos XVI e XVII, do Mediterrâneo ao Novo Mundo, apresentado pelo ensemble O Bando de Surunyo. Este concerto é uma viagem musical dividida em cinco atos, explorando temas universais como pecado e redenção, amores vernais, a vida na corte e no teatro, a dor do adeus, e a devoção e celebração, através de uma seleção meticulosa de obras que variam desde vilancicos a motetes e madrigais. O repertório abrange composições de Duarte Lobo, Manuel Cardoso, Claudio Monteverdi, entre outros, refletindo não apenas a diversidade musical da época mas também a universalidade dos temas abordados.

O Bando de Surunyo, com a sua abordagem baseada numa rigorosa pesquisa musicológica e práticas interpretativas historicamente informadas, oferece uma interpretação autêntica e envolvente de tudo o que apresentam. Utilizando instrumentos da época e uma profunda compreensão do contexto histórico e cultural, o ensemble procura recriar a experiência original da escuta, transportando o público para um tempo em que a música servia como eloquente veículo de expressão poética. Este espetáculo celebra o rico legado da música renascentista e barroca e a sua capacidade de comover e mover através dos séculos.

Programa: Em Fogo de Amor

Música dos séculos XVI e XVII do Mediterrâneo ao Novo Mundo
I. DO PECADO E DA REDENÇÃO

MOSTEIRO DE SANTA CRUZ DE COIMBRA (C.1650)
A minino tam bonitio
(Vilancico a 5)

DUARTE LOBO (C.1565-1646)
Pater peccavi
(Motete a 5)

MANUEL CARDOSO (1566-1650)
Aquam quam ego dabo
(Motete a 5)

II. DOS AMORES VERNAIS

CLAUDIO MONTEVERDI (1567-1643)
Non son’ in queste rive
(Madrigal a 5)
Non giacinti ò narcisi
(Madrigal a 5)
Zefiro torna e di soave acenti
(A duas vozes. Ciaccona)

III. NA CORTE E NO TEATRO

CANCIONEIRO DE UPSALA (1566)
Soy serranica
(Vilancete a 4)

JUAN DEL ENCINA (1468-1529/30)
Cucu
(Vilancete a 4)
Fata la parte
(Vilancete a 4)

CANCIONEIRO DO PALÁCIO (INÍCIO SÉC. XVI)
Rodrigo Martínez
(Vilancete a 4)

MOSTEIRO DE SANTA CRUZ DE COIMBRA (C.1650)
A recoger los sentidos
(Tono a 3)

IV. DO ADEUS

CLAUDIO MONTEVERDI (1567-1643)
Voi pur de me partite
(Madrigal a 5)
Zefiro torna e’l bel tempo rimena
(Madrigal a 5)
A dio Florida Bella
(Madrigal a 5)

V. DEVOÇÃO E CELEBRAÇÃO

GASPAR FERNÁNDEZ (1566-1629)
Xicochi conetzintle
(Cançoneta em Nahuatl a 4)

MOSTEIRO DE SANTA CRUZ DE COIMBRA (C.1650)
Dexad al niño que llore
(Tono ao divino a 5)

FILIPE DA MADRE DE DEUS (C.1630-C.1687)
Antoniya, Falciquiya, Gazipá
(Vilancico a 5)

Ficha Artística

Eunice Abranches d’Aguiar – Soprano
Marta Martins – Soprano
Patrícia Silveira – Alto
Carlos Meireles – Tenor
Sérgio Ramos – Baixo
André Ferreira – Órgão
Hugo Sanches – Alaúde, tiorba, guitarra e direção

Mecenas


Biografia

O BANDO DE SURUNYO
O Bando de Surunyo é um ensemble especializado na interpretação de música dos séculos XVI e XVII. O nome é retirado de um vilancico seiscentista português e significa “bando de estorninhos”. O ensemble é a frente interpretativa e laboratorial de um projeto multidisciplinar que incide particularmente sobre repertório inédito albergado por fontes portuguesas, apresentando em quase todos os seus concertos obras inéditas em primeira audição moderna. O projeto abrange, porém, música tanto de aquém como de além-fronteiras, tendo como objetivo proporcionar ao público, através da música e da poesia, o contacto com a pluralidade, ecletismo e riqueza do pensamento e imaginário do renascimento e barroco europeus.
Os nossos concertos são preparados sobre uma rigorosa base de investigação musicológica e no estudo aprofundado do contexto histórico e cultural da música que interpretamos. Todas as obras são preparadas directamente a partir dos manuscritos ou impressos originais e interpretadas utilizando instrumentos e práticas interpretativas historicamente informadas.
A íntima relação entre som e palavra que emerge na música na transição do Quinhentos para o Seiscentos é o eixo central da abordagem d’O Bando de Surunyo ao estudo e interpretação do repertório. O som colocava-se então ao serviço do texto, veiculando, ilustrando e potenciado o seu conteúdo poético e afetivo. A transmissão eficaz e eloquente desse conteúdo nas suas múltiplas leituras e funções — literal, teatral, histórica, simbólica, religiosa, política e filosófica — constitui a base para a construção de uma conceção interpretativa que persegue hoje o mesmo objetivo da música de então: divertir e comover o público através da palavra, do gesto e do som. Todo o projeto assume, pois, um alcance estético e comunicativo alargado onde, fazendo uso de práticas interpretativas e sonoridades históricas, se procura criar um objeto artístico pertinente e significativo para o público de hoje.

Hugo Sanches é doutorado com distinção e louvor em Estudos Musicais pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, mestre e licenciado em Interpretação Musical (música antiga – alaúde) pela Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE, Porto), e pós-graduado em psicologia da música pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto.
Reparte a sua atividade entre a interpretação, o ensino e a investigação, especializando-se em música dos séculos XVI e XVII nos domínios tanto da prática interpretativa, como da teoria e pensamento estético e filosófico. É professor adjunto na ESMAE (Porto) e, presentemente, coordenador do Curso de Música Antiga da ESMAE É também investigador integrado do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra onde se dedica sobretudo ao estudo, edição e interpretação do repertorio musical ibérico inédito do século XVII.

O concerto