Monika Streitová e Pedro Rodrigues

20 Abril, 2018 pelas 21h00 (sexta)
no Museu Nacional Grão Vasco


Entrada: 5€ ou 2.5€ para público afeto ao Conservatório

Programa

JAIME REIS (n.1983)
Sândalo. Prata.*
para guitarra e flauta

JOSÉ CARLOS SOUSA (n. 1972)
alliveS
para guitarra e electrónica

EVGUENI ZOUDILKINE (n.1968)
Illusiones II*
para guitarra e flauta

JAIME REIS (n.1983)
Fluxus, Dimensionless Sound (B)
para flauta e electrónica

JOSÉ CARLOS SOUSA (n. 1972)
Reflexo das Sombras*
para flauta e guitarra

AMÍLCAR VASQUES-DIAS (n. 1945)
FLOR-MEDRONHO*
Subtítulo: Março de 2018: o medronheiro já está carregado de pequeninas flores-campânulas… mas ainda tem medronhos
para flauta e guitarra

* – Estreia mundial – Encomenda do FIMPViseu

Ficha Artística

Monika Streitová – Flauta
Pedro Rodrigues – Guitarra
Electrónica – Jaime Reis e José Carlos Sousa

4 Novas Obras de Compositores Portugueses – Notas do programa

EVGUENI ZOUDILKINE
Illusiones II

A obra Illusiones II desenrola-se num discurso global contínuo, apresentando em simultâneo certos aspetos texturais, sonoros e harmónicos distintos. No discurso da obra são audíveis várias etapas (secções) com diferentes densidades rítmicas e sonoras. Estas secções desenvolvem-se gradualmente até “conquistar” a sonoridade e a expressividade características do fim da obra. Discursividade está sempre presente – tanto a nível da estrutura global, como em forma como os dois instrumentos desenrolam os seus discursos, como se encontram e como se separam.
Por um lado, flauta e guitarra criam gestos comuns em certos momentos da obra, e assim que a obra começa. Por outro, são audíveis vários momentos de desencontro. Um destes momentos está presente na 2ª metade da obra, caracterizado pelos efeitos específicos tanto na flauta como na guitarra.
Em alguns fragmentos da obra, a expressividade criada em gestos tímbricos de flauta faz lembrar outra obra do compositor, Illusiones para grupo instrumental, fato que explica o título da obra para flauta e guitarra. Quanto à guitarra, no discurso deste instrumento são reforçados elementos com características de ostinato. O ostinato “trava” a densidade gestual de flauta na última secção da obra, quando guitarra “insiste” na repetição de uma série de harmónicos até a flauta terminar o seu discurso.

JOSÉ CARLOS SOUSA
Reflexo das Sombras

Esta obra, escrita entre fevereiro e março de 2018, resulta de uma encomenda do Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu.
O material básico para a construção desta peça assenta na exploração do conceito de reflexo e também na ideia de sombra; reflexo e sombras, não de objetos, mas de sons.
Ao longo da peça, a guitarra e a flauta vão imitando ou refletindo, os timbres e os gestos musicais que um dos instrumentos produziu. Este jogo apresenta-se, por vezes, de uma forma não muito clara, tal como uma sombra que não tem os contornos completamente definidos.
Reflexo das Sombras – é dedicada à flautista Monika Streitová e ao guitarrista Pedro Rodrigues.

Biografias dos interpretes

MONIKA STREITOVÁ
Monika Streitová Flautista, investigadora e professora de flauta na Universidade de Évora. Graduou-se com a classificação máxima na Universidade de Bratislava(Eslováquia) no Departamento de Música e Artes Dramáticas, onde se especializou em flauta transversal. Nesta universidade realizou os seus estudos de doutoramento em Interpretação de Música Contemporânea sob a orientação de M. Jurkovic. Realizou investigação científica de pós-doutoramento na Universidade de Aveiro e faz parte de uma unidade de investigação do Instituto de Etnomusicologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O seu reportório inclui mais de cem estreias mundiais. Trabalhou, com as estações BBC, ORF2 Viena e BRB Berlim. Gravou 5 CD a solo e 18 CD com vários grupos musicais. O seu CD “Luminiscence”, a solo, recebeu a mais elevada menção por parte da crítica da Rádio 2 da República Checa. “Dual”, o CD com cinco obras em estreia mundial, gravado com a pianista Sofia Lourenço e editado em Março 2008 foi apresentado na Casa da Música no Porto. Tem-se apresentado, quer em projectos a solo, quer em diversas formações, em vários países, destacando-se a Alemanha, Áustria, Brasil, Emirates Árabes, Espanha, França, Holanda, Hungria, Inglaterra, Japão, Polónia, Portugal, República Checa, República Eslováquia e Suíça. A propósito do seu trabalho a revista Ípsilon do jornal o Publico de 27/09/2010 dizia o seguinte: “Destaquem-se ainda os espectaculares intérpretes Monika Streitová (flauta) e Pedro Rodrigues (guitarra), que mostraram que a música contemporânea tem hoje em Portugal soberbos intérpretes à disposição.” (Pedro Boléo, musicólogo e crítico de música; Jornal Público). “Monika Streitová e Pedro Rodrigues, tanto enquanto Ensemble como individualmente, mostraram qualidades extraordinárias de interpretação, nomeadamente uma enorme segurança, sensibilidade, garra e capacidade de adaptação a textos musicais de qualidades distintas e diversas.” (Tiago Cabrita, compositor; Espaço para a Crítica da Nova Música, acerca do recital no CCB Lisboa.)
“It was always a great pleasure for me to hear playing of Monika Duarte Streitová, her musicality and sensitivity. I am continuously convicted that Monika Duarte Streitová is a great talent of the flute playing, and also a very intelligent and sensible musician.” (István Matuz, Professor of the Debrecen University and International Concert-soloist).

PEDRO RODRIGUES
Vencedor do Artists International Auditions (Nova Iorque), Concorso Sor (Roma), Prémio Jovens Músicos e premiado nos concursos de Salieri-Zinetti, Paris, Montélimar, Valencia, Sernancelhe entre outros, Pedro Rodrigues iniciou o seu percurso musical aos 5 anos de idade, tendo estudado com José Mesquita Lopes na Escola de Música do Orfeão de Leiria onde terminou os estudos com a classificação máxima como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Participou em masterclasses com David Russell, Leo Brouwer, Joaquin Clerch e Darko Petrinjiak. Posteriormente estuda com Alberto Ponce na École Normale de Musique de Paris onde recebe os Diplomas Superiores de Concertista em Música de Câmara e Guitarra, este último com a classificação máxima, unanimidade e felicitações do júri. Sob a orientação de Paulo Vaz de Carvalho e Alberto Ponce concluiu em 2011 o Doutoramento na Universidade de Aveiro como bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Apresentou-se a solo em salas reconhecidas internacionalmente como o Carnegie Hall de Nova Iorque, a Salle Cortot de Paris, National Concert Hall de Taipei, Ateneo de Madrid, Sala Manuel de Falla de Madrid, Endler Hall de Cape Town, India International Centre de New Delhi, Sala Raúl Juliá de San Juan, Centro Cultural de Belém, Casa da Música, o Grande Auditório da Fundação Gulbenkian e os festivais de Mikulov, Paris, Santo Tirso, Música Viva, Sernancelhe, Caruso Festival, Miguel Llobet, Forfest Kromeriz, Vital Medeiros entre outros. Estreou mais de 60 obras dos mais importantes compositores portugueses como João Pedro Oliveira, Cândido Lima, Isabel Soveral, Sara Carvalho, António Sousa Dias, José Luís Ferreira, Carlos Caires entre outros. Muitas destas obras foram-lhe dedicadas. Em 2010 criou com Monika Streitová e José Luís Ferreira o Machina Lírica Ensemble, agrupamento especialmente dedicado à divulgação da música contemporânea. Fez gravações para RTP, RDP, RTM, SABC, Cesky Rozhlas, WIPR e gravou discos com as editoras Numérica, Nuova Venezia, Portugaler, Slovartmusic e JNS Music e foi solista com a Orquestra Gulbenkian, Filarmonia das Beiras, Orquestra do Algarve, Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras entre outras. Colaborou com a Orchestrutópica, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, Grupo Música Nova e Miso Music Portugal. É igualmente convidado com regularidade para leccionar masterclasses em conservatórios e universidades na Europa, América do Norte e Sul, África e Ásia. As suas transcrições e edições estão editadas pela Mel Bay Publications, AVA Editions e Notação XXI. Como investigador, proferiu conferências em Inglaterra, Brasil e Portugal dedicadas às temáticas da transcrição e da música contemporânea. Enquanto divulgador, criou com João Paulo Henriques a Revista Guitarra Clássica e, mais recente criou e apresentou o programa “Seis Cordas Para Um País” transmitido na Antena 2. Foi professor na Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, Escola de Música do Porto e presentemente é Professor Auxiliar no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro

Biografias dos compositores

JAIME REIS
Lic. em Composição na Uni. de Aveiro, onde recebeu três bolsas de mérito. Frequentou seminários com Emmanuel Nunes e K. Stockhausen. Investiga no INET-md. Fundador e director artístico do Festival DME (desde 2003; com o qual já organizou mais de 50 edições). Como compositor tem apresentado a sua música em países como: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Chile, China, Coreia, Espanha, Estados Unidos da América, Filipinas, França, Grécia, Holanda, Itália, Japão, Mónaco, Polónia, República Checa, Rússia, Turquia, Ucrânia; e trabalhado com entidades como: IRCAM, KCMD, Musik Fabrik, ZKM, Musiques & Recherches. Tem lecionado em instituições como: Cons. Mús. Seia, Inst. Piaget, EMNSC, FCSH-UNL. É professor na ESART-IPCB. Director do espaço Lisboa Incomum.

EVGUENI ZOUDILKINE
Nasceu em Borovsk (Rússia), e estudou no Conservatório Superior Tchaikovsky de Moscovo, onde concluiu o Mestrado em Composição em 1991 sob a orientação de Albert Leman e Constantin Batashove. Posteriormente faz a sua Pós-graduação no mesmo Conservatório. Frequentou ainda vários cursos de análise, composição, direcção e pedagogia. Em 2004 concluiu o Doutoramento em Composição na Universidade de Aveiro.
As suas obras têm resultado de encomendas de várias instituições, entre as quais o Festival de Música e Dança de Filadélfia, o Festival de Música de Espinho, EPAE, o Concurso Internacional de Violino de Lisboa, IARTES, Casa da Música, o Festival de Guitarra de Guimarães, e muitas encomendas de diversos músicos e grupos de grande prestígio internacional.
Laureado com vários prémios internacionais de composição, Evgueni Zoudilkine tem visto as suas obras interpretadas na Rússia, Polónia, Ucrânia, Croácia, E.U.A., Japão, Espanha, Argentina, Uruguai, Itália, Portugal, entre outros países.
Tem desenvolvido uma intensa actividade pedagógica, dando cursos de composição, análise e orquestração em Filadélfia (E.U.A.), Poznaam (Polónia), e Cosenza (Itália).
Residente em Portugal desde 1993, criou o curso Teoria e Composição da Escola Profissional de Arcos do Estoril, único no país. Orientou numerosos seminários e cursos de Linguagem Musical, Orquestração e Análise e Técnicas de Composição na Academia de Música de Espinho, na Universidade Católica do Porto, no Conservatório de Música de Coimbra, na Fundação Caloust Gulbenkian em Lisboa, nos Cursos de Outono de Oeiras, no Instituto Piaget, na Universidade de Maputo (Moçambique), em Cosenza (Itália) entre outras instituições em diversos países.
Deu aulas de Análise e de Orquestração na licenciatura em música da Universidade Católica do Porto, e no curso de mestrado em Direção de orquestra de sopros no Instituto Piaget de Viseu.
Elaborou diversos artigos sobre compositores portugueses para enciclopédias nacionais e estrangeiras. Fez parte do Júri de diversos Concursos internacionais de instrumento e de composição.
Actualmente é Professor Auxiliar de Composição e de Análise musical na Universidade de Aveiro, onde orientou diversas teses de mestrado e de doutoramento em música.

AMÍLCAR VASQUES-DIAS
Nasceu em Badim, Monção. Efectuou estudos superiores de Piano e de Composição nos Conservatórios de Música do Porto e de Braga. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e da Secretaria de Estado da Cultura para o Curso Superior de Composição Instrumental e Electroacústica no Conservatório Real de Haia, na Holanda, onde foi aluno de Louis Andriessen, Peter Schat, de Jan van Vlijmen e de Dick Raaijmakers. Destaca-se a formação que teve com Karlheinz Stockhausen, na Holanda, com Iannis Xenakis, em Aix-en-Provence, em França, e com Cândido Lima, em Portugal, considerando estes compositores/professores os que mais o influenciaram na sua formação de músico e compositor. Em 1989, conheceu Fernando Lopes-Graça a quem deu a conhecer os seus trabalhos de composição realizados na Holanda. É a partir deste convívio que começa a dar mais atenção à música tradicional portuguesa, manifestando-se a sua influência em algumas das suas peças.
Na Holanda, desenvolveu actividade artística e pedagógica como pianista e como compositor durante 14 anos.
Como pianista, interpreta a sua música e utiliza a improvisação como um meio de expressão, tendo realizado concertos em Portugal, Espanha, Holanda, Bélgica, França e nos Estados Unidos da América.
Como compositor, tem recebido encomendas de várias instituições públicas e privadas holandesas e portuguesas no âmbito da música de câmara instrumental e vocal, ou electroacústica, orquestra sinfónica, orquestra de metais, coro a cappella e acompanhado, obras multimédia, ópera, e música para filme e teatro.
A sua música tem sido tocada em Portugal e em outros países da Europa, da América e do Japão, nomeadamente em festivais de música contemporânea.
Tem diversas obras gravadas em vários CD’s editados na Holanda e em Portugal, sendo alguns exclusivamente de sua autoria.
Paralelamente à sua actividade de compositor, mantém actualmente projectos de fusão do piano “erudito” com músicas tradicionais, nomeadamente com o cante alentejano em Em Cante: uma música do Alentejo, com Manuel Caldeira e Pedro Calado, cantadores do Grupo Cantares de Évora, e com o cante flamenco, com a cantaora Esther Merino.
Conheceu e acompanhou José Afonso em 1978, na Holanda, e desde então dedica-se ao estudo e recriação da sua música, tendo criado com o violinista Luís Pacheco Cunha e a cantaora Esther Merino o projecto ‘José Afonso: de ouvido e coração’.
Desde o seu regresso da Holanda, em 1988, foi docente nas Escolas Superiores de Música de Lisboa e do Porto, na Universidade de Aveiro e na Universidade de Évora. Foi mentor e director artístico do Encontro do Alentejo de Música do Séc. XX.I, desde 1998 até 2009. Actualmente, a convite da Câmara Municipal de Évora, é o director artístico do festival ‘20.21 ÉVORAMÚSICA’.

JOSÉ CARLOS SOUSA
José Carlos Almeida de Sousa nasceu em Viseu – Portugal, em 1972. Iniciou os seus estudos musicais no Conservatório Regional de Música Dr. José de Azeredo Perdigão, na sua cidade natal onde concluiu o curso geral de composição em 1995.
Em 1996 prossegue os seus estudos na Universidade de Aveiro, onde concluiu a sua Licenciatura em Composição, no ano de 2000.
Estudou composição e música eletrónica com Evgueni Zoudilkin, João Pedro Oliveira e Isabel Soveral. Frequentou ainda vários seminários de composição e música eletrónica orientados pelos compositores; Jorge Antunes, Alain Sève, Tomás Henriques, Flo Menezes, François Bayle e Emmanuel Nunes.
Em Junho de 2005 concluiu, na Universidade de Aveiro, um mestrado em música com especialização em composição, subordinado ao tema “O Timbre e suas Metamorfoses no Processo Composicional da Música Electroacústica”.
Já lecionou na Universidade de Aveiro e no Instituto Piaget em Viseu.
Foi conjuntamente com Paula Sobral organizador e diretor artístico do Concurso e Festival Internacional de Guitarra Clássica de Sernancelhe, durante 15 edições consecutivas.
Foi o criador do Festival de Música da Primavera de Viseu, que organiza desde 2008 exercendo também o cargo de Diretor Artístico do Festival.
Em 1995 ganhou o primeiro prémio do 1º concurso de composição do conservatório onde estudou, com a obra infantil para piano, Almofada.
No Concurso de Composição Electroacústica “Música Viva 2000”, foi agraciado com uma Menção Honrosa.
Em Abril de 2001 foi premiado com a sua obra Viagem no referido concurso, integrado na Porto 2001 Capital Europeia da Cultura.
A sua música tem sido tocada em várias cidades portuguesas e em vários festivais de música: Festival Música Viva (Portugal), Primavera en La Habana (Cuba), Aveiro Síntese (Portugal), “33e Festival International des Musiques et Créations Electroniques” (Bourges – França), Concurso e Festival Internacional de Guitarra (Sernancelhe – Portugal), 14th World Saxophone Congress (Slovenia), “Guitarmania” – Festival Internacional de Guitarra Clássica (Almada – Portugal), Festival de Guitarra de Palência (Espanha), Festival Dias de Música Electroacústica (Seia – Portugal), “Síntese” – Ciclo de Música Contemporânea da Guarda (Portugal), Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso (Portugal), Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu (Portugal), 8e Festival International Guitar´Essonne – (Paris – França). Dias de Música Electroacústica no Santa Cruz Air Race 2013 (Portugal) entre outros.
Algumas das suas obras resultam de encomendas de várias instituições como Festivais Internacionais de Música, Universidades, Museus e Câmaras Municipais.
Atualmente é professor de composição no Conservatório de Música de Viseu, exercendo também o cargo de Diretor Pedagógico do Conservatório desde 2004.

O concerto