22 Abril 2016: Grupo de Música Contemporânea de Lisboa

21h00 – Museu Nacional Grão Vasco.

Programa

Isabel Soveral
Anamorphoses III (violino e electrónica; 1995)

Clotilde Rosa
Fantasy (flauta em sol solo)*

Jaime Reis
Fluxus, dimensionless sound II
(flauta e electrónica; 2012-2016)*#

Jorge Peixinho (1940 – 1995)
Estudo II (piano solo)

José Carlos Sousa
Transfigurações (violino, piano; 1997)

Jaime Reis
Sangue Inverso: Magnetite, Ametista, Obsidiana
(flauta, clarinete, piano; 2015-2016)*#

*Estreia Mundial
# Encomenda Festival Int. de Música da Primavera de Viseu

Ficha Técnica

Música de Jorge Peixinho, Clotilde Rosa,
Isabel Soveral, José Carlos Sousa
e Jaime Reis

GRUPO DE MÚSICA CONTEMPORÂNEA DE LISBOA
Fundado em 1970 por Jorge Peixinho, o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa (GMCL) é o primeiro grupo português de música contemporânea, desempenhando um papel histórico de vanguarda na abertura da sociedade portuguesa à estética musical do nosso tempo.
A sua primeira apresentação pública aconteceu no Festival de Sintra 1970 e em 1972 teve a sua primeira deslocação ao estrangeiro, ao Festival de Arte Contemporânea de Royan.
Ao longo dos seus 40 anos de existência, O GMCL apresentou-se em vários Festivais de Música Contemporânea, nomeadamente em Amsterdão, Bamberg, Bayreuth, Belo Horizonte, Bruxelas, Madrid, Nice, Roterdão, Santos, São Paulo, Sevilha, Siena, Turim, Valência, Varsóvia e Zagreb. Em Portugal, destaca-se a sua participação regular nos Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea e ainda nos Festivais do Estoril, Coimbra, Europália 91 e T.N. S. Carlos, entre outros.
A discografia do GMCL compreende predominantemente obras de Jorge Peixinho, com várias interpretações dirigidas pelo próprio compositor, para além de numerosas criações de outros compositores portugueses. Tem recebido sempre o aplauso da crítica especializada portuguesa e internacional. O Grupo gravou também obras de compositores portugueses para a Tribuna Internacional de Compositores e participou em várias obras originais para teatro, cinema e multimédia.
O GMCL foi distinguido com a medalha de Mérito Cultural atribuída pela Secretaria de Estado da Cultura, como reconhecimento da sua atividade de divulgação da cultura musical contemporânea nacional e estrangeira.
Divulgar obras de autores portugueses contemporâneos, com incidência na obra de Jorge Peixinho, é o cerne da missão do GMCL. O grupo desenvolve desde 2000 um projeto de encomendas de obras a compositores com a sua respetiva apresentação pública e divulgação.
Em 2010, aquando da celebração do seu 40.º aniversário, o GMCL apresentou-se em França, Espanha e em Portugal, no Centro Cultural de Belém, na Casa da Música e na Culturgest.
Em 2011 destacam-se os concertos de internacionalização do GMCL: em Itália, no Festival de Música Contemporânea de Acqui Terme; e em Londres, no Royal College of Music e no Barbican Centre. Em 2012 o GMCL apresentou-se na Casa de Serralves, no CCB (Festival de Música Viva), em Itália e na Eslovénia, e no Jardim de Inverno do Teatro Municipal São Luiz, onde estreou o espetáculo Momentos – Homenagem a Constança Capdeville, concebido e produzido pelo GMCL em conjunto com António Sousa Dias e apresentado. Foi também em Novembro e no São Luiz que o GMCL lançou o seu novo CD Duplo de encomendas “Caminhos de Orfeu”, editado pela editora catalã La Mà de Guido.

Biografias

JORGE PEIXINHO
Compositor, pianista, professor, maestro, conferencista, ensaísta, Jorge Manuel Rosado Peixinho é uma referência incontornável na música contemporânea em Portugal na segunda metade do século XX, bem como na divulgação internacional da música portuguesa.
Nascido em 1940, no Montijo (arredores de Lisboa), frequentou o Conservatório de Lisboa, onde concluiu os cursos de Piano e de Composição. Posteriormente, como bolseiro da Fundação Gulbenkian, estudou em Roma com Boris Porena e Goffredo Petrassi, na Academia de Santa Cecília, onde obteve o diploma de aperfeiçoamento em Composição.
Trabalhou ainda com Luigi Nono, em Veneza e com Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen na Academia de Música de Basileia. Frequentou também, em várias edições, os Cursos Internacionais de Darmstadt, colaborando nos projetos de composição coletiva promovidos e dirigidos por Stockhausen. Estagiou ainda no estúdio de música electrónica IPEM, em Gent (Bélgica), tendo mais tarde sido convidado para realizar várias obras no Estúdio de Música Electrónica de Bourges (França).
Peixinho participou em inúmeros festivais de música contemporânea, entre os quais se destacam os de Royan (França), Gaudeamus (Holanda), Madrid, Vigo (Espanha), Veneza, Bayreuth, Bucareste, Buenos Aires, Maracaibo (Venezuela), São João del Rei, Santos e Curitiba (Brasil), Alexandria, entre outros. Colaborou regularmente nos Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea, em Lisboa.
Foi também membro de júris de vários concursos internacionais de composição – Festival de Guanabara (Rio de Janeiro), Prémios Martin Codax (Vigo), Concurso Viotti (Vercelli, Itália) e Fernando Pessoa (Lisboa) – tendo pertencido ao Conselho Presidencial da Sociedade Internacional de Música Contemporânea.
Obteve os prémios de composição Gulbenkian, Sociedade Portuguesa de Autores, Conselho Português de Música e Sassetti e ainda o de Crítica de Música Erudita da Casa da Imprensa. Foi distinguido pela Secretaria de Estado da Cultura com a Medalha de Mérito Cultural.
Jorge Peixinho recebeu encomendas de diversas instituições culturais e agrupamentos musicais portugueses e estrangeiros: Fundação Gulbenkian, Conselho Português da Música, Comissão dos Descobrimentos, Oficina Musical, Festival Internacional de Alicante, New Music Concerts (Toronto, Canadá), Festival de Acqui Terme (Itália), entre outros.
Como docente, lecionou nos Conservatórios de Lisboa e do Porto e em diversas masterclasses em Portugal e no estrangeiro.

CLOTIDE ROSA
Clotilde Rosa, filha dos músicos José Rosa e Branca Belo Carvalho Rosa, nasceu em Lisboa em 1930. Cedo se interessou pelo meio musical e iniciou os seus estudos de piano a título particular, tendo depois completado o Curso Superior de Piano e Harpa no Conservatório Nacional, tendo estudado com Ivone Santos e Cecília Borba. Seria a harpa o instrumento a que se dedicaria profissionalmente, tendo recomeçado os seus estudos com Macário Santiago Kastner em baixo cifrado e interpretação de música antiga. Nesse período integrou os Menestréis de Lisboa. Entre 1960 e 1963, a Fundação Calouste Gulbenkian e o governo holandês, concedeu-lhe bolsas de estudo para estudar harpa, a título particular, com Phia Berghout, Jacqueline Borot, Hans Zingel, na Holanda, em Paris e em Colónia, Alemanha. Por proposta de Mário Falcão, tocou Imagens Sonoras de Jorge Peixinho, o que terá ocasionado a aproximação de Clotilde Rosa a este compositor e ao meio musical português de vanguarda. Igualmente decisivos para o futuro da sua carreira como compositora foram os cursos a que assistiu em Darmstadt a partir de 1963. Participou do grupo reunido por Jorge Peixinho que veio a dar origem em 1970 ao Grupo de Música Contemporânea de Lisboa. No entanto, continuou a dar interesse à interpretação de música antiga, tendo constituído com Carlos Franco e Luísa de Vasconcelos o Trio Antiqua. Como instrumentista, fez ainda parte da Orquestra Sinfónica Nacional, da Orquestra da Emissora Nacional e colaborou com as orquestras do Teatro Nacional de S. Carlos e da Fundação Calouste Gulbenkian. De 1987 a 1989 deu aulas de Análise e Técnicas de Composição na Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, transitando para a classe de Harpa de 1989 a 2000. Foi nesta época que foi introduzida, por Clotilde Rosa e pela primeira vez em Portugal, a música contemporânea no programa curricular de harpa. Entre as suas atividades, tem também integrado a Comissão Sectorial da Música Erudita da Sociedade Portuguesa de Autores. É em 1974, a convite de Jorge Peixinho, que esboça o seu primeiro trecho musical, na obra coletiva In-con-sub-sequência. Assume-se como compositora em 1976 com a obra Encontro. Levada à Tribuna Internacional de Compositores de Paris por Joly Braga Santos e Nuno Barreiros, por proposta de Jorge Peixinho, a peça foi gravada na RDP e atingiu o 10.º lugar ex-aequo, entre 60 obras de 30 países. Obteve também o 1.º Prémio no Concurso Nacional de Composição da Oficina Musical do Porto com Variantes I, para flautista solo. Apesar da sua apetência para o experimentalismo sonoro, de que são exemplos As quatro estações do ano e Projeto-collage, nunca se proporcionou trabalhar num estúdio de música electroacústica, sendo a sua obra maioritariamente para voz ou instrumentos acústicos.
Texto adaptado a partir do original de Patrícia Lopes Bastos

JOSÉ CARLOS SOUSA
José Carlos Almeida de Sousa nasceu em Viseu – Portugal, em 1972. Iniciou os seus estudos musicais no Conservatório Regional de Música Dr. Azeredo Perdigão, na sua cidade natal onde concluiu o curso geral de composição em 1995.
Em 1996, prossegue os seus estudos na Universidade de Aveiro, onde concluiu a sua Licenciatura em Composição, no ano de 2000.
Estudou composição e música eletrónica com Evgueni Zoudilkin, João Pedro Oliveira e Isabel Soveral. Frequentou ainda vários seminários de composição e música eletrónica orientados pelos compositores; Jorge Antunes, Alain Sève, Tomás Henriques, Flo Menezes, François Bayle e Emmanuel Nunes.
Em Junho de 2005 concluiu, na Universidade de Aveiro, um mestrado em música com especialização em composição, subordinado ao tema “O Timbre e suas Metamorfoses no Processo Composicional da Música Electroacústica”.
Já lecionou na Universidade de Aveiro e no Instituto Piaget em Viseu. É conjuntamente com Paula Sobral organizador e diretor artístico do Concurso e Festival Internacional de Guitarra Clássica de Sernancelhe, na sua 15.ª edição.
Desde 2008 que organiza e é o Diretor Artístico do Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu. Em 1995, ganhou o primeiro prémio do 1.º concurso de composição do conservatório onde estudou, com a obra infantil para piano, Almofada.
No Concurso de Composição Electroacústica “Música Viva 2000”, foi agraciado com uma Menção Honrosa. Em Abril de 2001 foi premiado com a sua obra Viagem no referido concurso, integrado na Porto 2001 Capital Europeia da Cultura.
A sua música tem sido tocada em várias cidades portuguesas e em vários festivais de música: Festival Música Viva (Portugal), Primavera en La Habana (Cuba), Aveiro Síntese (Portugal), “33e Festival International des Musiques et Créations Electroniques” (Bourges – França), Concurso e Festival Internacional de Guitarra (Sernancelhe – Portugal), 14th World Saxophone Congress (Slovenia), “Guitarmania” – Festival Internacional de Guitarra Clássica (Almada – Portugal), Festival de Guitarra de Palência (Espanha), Festival Dias de Música Electroacústica (Seia – Portugal), “Síntese” – Ciclo de Música Contemporânea da Guarda (Portugal), Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso (Portugal), Festival de Música da Primavera de Viseu (Portugal), 8e Festival International Guitar´Essonne – (Paris – França). Dias de Música Electroacústica no Santa Cruz Air Race 2013 (Portugal).
Atualmente é professor de composição no Conservatório de Música de Viseu, exercendo também o cargo de Diretor Pedagógico do Conservatório desde 2004.

JAIME REIS
(Portugal) 1983. 5-12 anos – Estudou com António Tilly. 12-17 anos – Conservatório de Música de Seia e Viseu, onde estudou com José Carlos Sousa. 17-22 anos – Lic. em Composição na Uni. de Aveiro, onde recebeu três bolsas de mérito e estudou com João Pedro Oliveira e Isabel Soveral. 22-24 anos – curso de doutoramento em Ciências Sociais, na Fac. de Ciências Sociais e Humanas da Uni. Nova de Lisboa. 24anos – iniciou doutoramento em Ciências Musicais (FCSH-UNL) orientado pelos professores Salwa Castelo-Branco e Emmanuel Nunes, cujos seminários de composição frequenta regularmente desde 2003 a par de outros cursos, nomeadamente, com Karlheinz Stockhausen. Aos 19 anos organizou o seu primeiro festival: Dni Muzyki Portugalskiej w Krakowie, posteriormente, o Festival Dias de Música Electroacústica; tem proferido conferências e cursos em instituições como: Universidade de Woosuk – Coreia do Sul, Keio University – Tóquio, Uni. de Manila, Iloilo, Mindanao (e.o. nas Filipinas) SciencesPo – Le Havre, USP, UNICAMP, UFBA, UDESC, UFMG (e.o. no Brasil), Hochschule für Musik Franz Liszt Weimar, Cursos Stockhausen 2009 – Kürten, 42. Darmstadt Internationale Ferienkurse für Neue Musik, International Summer School of Systematic Musicology; investigador no INET-md; tem lecionado em escolas como a ESART, Inst. Piaget, FCSH-UNL, EMNSC e Conservatório de Música de Seia, onde também participa da direção pedagógica.
Tem recebido encomendas de entidades como Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, Grupo Síntese, Duo Contracello, Borealis ensemble, UFT/INATEL, Festival Primavera, Logos Foundation (Belgium), F.L.S.I. (Paris), etc.

ISABEL SOVERAL
Isabel Soveral nasceu no Porto, Portugal. Estudou no Conservatório Nacional com Jorge Peixinho e Joly Braga Santos, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1988, ingressou na Universidade Estadual de Nova Iorque em Stony Brook, onde estudou sob a orientação de Daria Semegen e Bulent Arel, tendo obtido bolsas das Fundações Calouste Gulbenkian, Luso Americana e Fulbright para os programas de mestrado e doutoramento em composição. As editoras Musicoteca, Fermata, Cecilia Honegger e o Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa editam algumas das suas partituras. Tem várias obras gravadas em CD nas seguintes editoras: Portugalsom e Strauss, EMI Classics, New Music, Capella, Deux-Elles e Numérica. A sua música tem sido apresentada em toda a Europa, Hong Kong, Macau, Argentina, Brasil, Cuba e Estados Unidos. Desde 1995 ensina Composição, Teoria e Análise Musical no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro. É membro do conselho científico do Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa. É membro da Unidade de Investigação em Música e Musicologia da Universidade de Évora.

O concerto

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