14 Abril 2016: Duo Affectus – Maria Lurdes Alves e Sónia Ferro
21h00 – Igreja da Misericórdia.
Programa
I Parte
J. Blanco (Séc. XVIII)
1.º Concierto de dos Organos em Sol M
L. Boccherini (1743 – 1805)
Quartetti a due Cembali* – II Quartetto em Sol m
*(arr. Anónimo espanhol da 2.ª metade do séc. XVIII de seis quartetos de cordas)
Larghetto
Minuetto
W. A. Mozart (17561 – 1791)
Sonata a quattro mani em Dó M, K.19
Allegro
Menuetto
Rondó
II Parte
Carlos Seixas (1704 – 1742)
Concerto em Lá M
Allegro
Adagio
Giga
Alexandre Rey Colaço (1854- 1928)
Dois fados*
*Versão de Tobias Cardoso
P. A. Soler (1729 – 1783)
Concerto n.º 6 em Ré M
Allegro
Minue
A partir do Renascimento, a analogia entre Retórica e Música foi sublimada, ao ponto de conduzir, nos séculos XVII e XVIII, à formulação de diversas teorias filosófico-musicais (Descartes, Mersenne, Matheson, etc.) afirmando que um determinado trecho musical composto com o objetivo de despertar uma determinada emoção ou sentimento, quando usando correctamente as figuras de retórica, conseguia imitar e, por conseguinte, despertar esse mesmo sentimento em qualquer ouvinte (apenas talvez com ligeiras alterações devidas aos diferentes carácteres e personalidades).
Esta racionalização das emoções vem quase paradoxalmente valorizá-las, tornando os afetos na finalidade, conteúdo e objetivo último da música, pois esta, para os despertar imita-os, (re)criando-os. A música não pretende assim expressar uma ideia concreta de dor ou alegria, mas mover as pessoas, ao ponto de elas sentirem dentro de si a vontade de alguém que chora ou ri.
Biografias
DUO AFFECTUS
O Duo Affectus nasceu da vontade de fazer ouvir obras menos conhecidas para dois instrumentos históricos de tecla. Alcançou desde a sua origem uma qualidade e notoriedade que cativou um público atento e sensível a novas sonoridades.
Composto por dois instrumentos de tecla barrocos – Cravo e Órgão positivo – apresenta uma combinação invulgar de sonoridades expressivas, e um tipo de repertório que proporciona ouvir composições raras de autores menos conhecidos dos séculos XVII e XVIII – frequentemente em primeira audição nacional.
De referir que utiliza um cravo histórico (cópia de um Dulcken, de 1755), construindo por Merzdorf e uma cópia de um organo di legno ca. 1600, G. Klop.
É gratificante a forma como tem sido aplaudido em diferentes eventos e em vários pontos do país:
– Auditório Municipal de Vila Nova de Gaia;
– Europarque – Sta. Maria da Feira;
– Festival José Baldi – Igreja da Misericórdia – Guarda;
– Festival de Música de Tomar: Sala das Cortes no Convento de Cristo;
– Comemorações do tricentenário do nascimento de Carlos Seixas organizados pela Câmara Municipal de Coimbra: Igreja de Sta. Justa e Casa da Cultura;
– Ciclo de 4 concertos “Seixas e o seu tempo”, comemorativos do tricentenário do nascimento de Carlos Seixas, organizados pela Câmara Municipal do Porto em Novembro de 2004: Palácio do Freixo;
– Comemorações do Ano Inesiano, com um recital: salão Nobre da Câmara Municipal de Coimbra;
– Concerto comemorativo “Mozart e o seu tempo” no Palacete Balsemão, Porto (2006);
– Recital de Cravo e Órgão na abertura da exposição de Camélias no Palácio do Freixo, Porto (2007);
– Festival de Música do Ribatejo – Santarém (2007);
– Concerto integrado no IV Ciclo de Órgão e Música Sacra do Porto, realizado na Igreja do Mosteiro São Bento da Vitória, Porto (2007);
– Concerto integrado no Ciclo Páscoa no Porto, realizado no Palacete dos Viscondes de Balsemão, Porto (2009);
– Concerto de Homenagem ao Professor Aníbal Cunha, realizado na Faculdade de Farmácia do Porto (2012);
– Concerto realizado na Embaixada de Portugal em Bruxelas (2012).
SÓNIA FERRO
Sónia Ferro iniciou os seus estudos de piano e posteriormente de cravo no Conservatório de Música do Porto, com a Professora Maria de Lourdes Alves.
Obteve o diploma de cravo na Escola Superior de Música de Lisboa, sob a orientação da Professora Cremilde Rosado Fernandes.
Especializou-se em música antiga no Conservatório Real Flamengo de Bruxelas, na classe dos Professores Herman Stinders, Jan de Winne e Alain Gervrau, obtendo os diplomas de cravo e música de câmara.
Frequentou também a classe de instrumentos históricos de teclado do professor Ilton Wjuniski em Paris e participou nas masterclasses com os professores Jacques Ogg e Ketil Haugsand.
Paralelamente obteve também o diploma de especialização pedagógica no Conservatório Real de Bruxelas.
É Professora de cravo e baixo contínuo e Professora Acompanhadora de cravo em várias academias de música em Bruxelas.
Apresenta-se regularmente como solista ou como membro de grupos de câmara em diversos concertos e produções na Europa.
Em 2004 co-fundou o ensemble de música de câmara Ellyptica sediado em Bruxelas, que se propõe descobrir e promover a música de câmara do século XVII e XVIII. Este agrupamento produziu o CD Barroco em Portugal para a editora Tempus.
Participa também com Maria de Lourdes Alves no projeto Duo Affectus.
MARIA LURDES ALVES
Maria de Lourdes Alves obteve o diploma do Curso Superior de Piano do Conservatório de Música do Porto em 1966.
Após esporádicos contactos com o cravo, decide abordar definitivamente este instrumento e o seu repertório, motivada por uma natural empatia e pela consciência da enorme lacuna nesta área, sentida à época em Portugal.
Entre 1971 e 1974, estudou na Schola Cantorum Basiliensis, nas classes dos Professores Eduard Müller e Jean-Claude Zehnder, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. Frequentou ainda várias masterclasses na Bélgica e na Holanda com Keneth Gilbert e Tom Koopman.
Tem orientado a sua carreira artística focada na divulgação do vasto repertório português de tecla e câmara dos séculos XVII e XVIII, de autores pouco divulgados e obras raras, várias vezes em primeira audição nacional. Tocou nos mais diversos pontos do país a convite da Fundação Calouste Gulbenkian e de inúmeras autarquias. Destacam-se ainda os recitais dados em Paris, no Centre de Culture Portugaise, a convite da Fundação Calouste Gulbenkian; em Madrid, na Universidad Complutense; em Viena e na Embaixada de Portugal em Bruxelas.
Integra vários grupos de música de câmara e participou em vários concertos corais e orquestrais. Gravou para a RDP, RTP e Rádio Nacional de Espanha.
Criou um projeto para o Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, na Casa do Infante, em colaboração com o fotógrafo João Menéres, que obteve um notável sucesso.
O concerto
Mais fotografias na nossa página do facebook, aqui.