“Ignição” de André Cardoso e Romulus Neagu

01 Dezembro, 2020 pelas 18h00 (terça)
no Teatro Viriato

Concerto live streaming em: www.musicadaprimavera.pt // Youtube // Facebook

Ficha Artística

Criação e Interpretação: André Cardoso e Romulus Neagu
Música: André Cardoso
Fotografia: Fríz Frítz (Samuel)
Produção: INTRUSO
Apoio: Proviseu/Conservatório Regional de Música Dr. Azeredo Perdigão – Viseu, ACERT, Nicho Associação Cultural
Agradecimento: Graeme Pulleyn
Duração: 45 min. aprox.
Uma criação em parceria com o Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu e o festival Jardins Efémeros

Mecenas: Quinta do Perdigão


Ignição ou um ensaio sobre crescer no vazio*

Os conceitos de Identidade e de Memória atravessam discursos da história, sociologia, literatura, filosofia, política, psicologia, artes…
A memória é imutável? Como contornar o esquecimento e o silêncio na construção da memória histórica? Qual o papel da memória na definição da identidade? É a identidade uma criação narrativa? De que forma a identidade coletiva condiciona a identidade pessoal?
A experiência vivencial com pessoas, acontecimentos e lugares, ao longo do tempo, são fatores de construção da nossa identidade individual e coletiva. Mas como se processa essa construção?
Numa altura em que se questiona a identidade como povo, a identidade como cidadão, a identidade como agente de mudança, importa criar espaços de problematização através da criação artística e da intervenção cultural.
Neste caso, ‘IGNIÇÃO…’ transforma-se num lugar de introspeção, reflexão e aproximação à temática da identidade e sua relação com a memória, a partir de um trabalho de aprofundada pesquisa coreográfica, literária e musical.
Na tentativa de contornar estereótipos, um bailarino e um músico interrogam a sua condição presente numa partilha crua entre eles e o público, mergulhando num processo de autoconhecimento. O confronto e inconformismo são a ignição para o bailado dos corpos, o amoldamento do espaço, o surgimento do ritmo e do som.

Sinopse
Dois sujeitos. Defeitos. Virtudes. Personas e suas geografias, cicatrizes, vales, montes, precipícios. Seus segredos. Abismos. Sismos. Dois corpos e nada. Um respiro na pele. Sopro demorado na face do cabelo. Arrepio de frio do calor, do físico, corpos baralhados, mentes confusas. A partilha. Vestidos de pele, som. Socos surdos. Movimentos de fricção de esfrega. Estalidos, gemidos, gritos, afagos, sussurros, murros em percussão, sopapos, cachaços. Conversas sãs. Diálogos extensos. Dança sem vós. Voz. Palavras perdidas, somente. Mente só. Mentes. Perceção. Procuram compreender o que percecionam entranhando a mente oposta, no corpo, nas retinas, no consciente, no submundo; não conseguem, não têm a certeza que veem igual, a distância que os separa é longa. Têm certeza. Temem a incerteza. Melhor diferentes inseguros. Melodias interrompidas, carícia bruta. Disputa meiga. Oco. Tudo.

Para bailarino, voz, corpo e guitarra.
*Título provisório

Biografias

ANDRÉ CARDOSO
nasceu em 1980. Frequentou a Escola Secundária Alves Martins em Viseu no Curso Tecnológico de Artes e Ofícios. Ingressou no Curso de Educação Visual e Tecnológica que abandonou para se dedicar exclusivamente ao estudo da música. Frequentou o Conservatório Regional de Música de Viseu Dr. Azeredo Perdigão, onde estudou Guitarra Clássica com os professores Paula Sobral e Christhopher Lyall. Mais tarde ingressou na Universidade de Aveiro, no Curso de Licenciatura em Ensino de Música, no instrumento específico de Guitarra Clássica. Teve como professores Josef Zshapka e Paulo Vaz de Carvalho. Na disciplina de Música de Câmara estudou com o professor António Chagas Rosa. Participou em masterclasses de guitarra clássica e música de câmara orientados por Christhopher Lyall, Timothy Walker, Olga Prats, Betho Davezac, Roberto Aussel, Carlo Marchione, Judicael Perroy, Tal Hurwitz, Yamandu Costa, Jérémy Jouve, Thibault Cauvin entre outros. Gravou para a RDP Antena 2 e Antena 1. Foi solista com a Orquestra Filarmonia das Beiras. Tocou com a Orquestra Clássica do Centro e a Orquestra Aeminium. Realizou música de câmara com os mais variados instrumentos e formações destacando ‘Duo Lontano’ (2003-2010, duo de guitarras clássicas) e o Quarteto de Guitarras de Viseu (2012-). Dentro da música folk e world music tocou e participou em projetos como Quimera Quinteto (música de Astor Piazzolla), Toques do Caramulo (folk serrano, d’Orfeu), Contracorrente (‘música de intervenção’ do mundo), Tocar o Chão (músicas de Carlos Peninha), Terra da Fraternidade – ACERT (homenagem a Zeca Afonso), Isabel Silvestre e Cantares de Manhouce, entre outros grupos e músicos. Integrou ‘A Presença das Formigas’ (2009-) onde é intérprete e compositor. Grupo que ganhou o Prémio Zeca Afonso no Festival Cantar Abril em Almada (2009). No mesmo festival ganhou o Prémio Adriano Correia de Oliveira com ‘Contracorrente’ (2013, d’Orfeu). Participa como intérprete e músico convidado nos álbuns: ‘Ciclorama’ (2010) e ‘Pé de Vento’ (2014) de ‘A Presença das Formigas’; ‘Contracorrente’ – D’Orfeu (2013); ‘A Viagem do Elefante’ – ACERT (2014), com música do cantautor espanhol Luís Pastor e poesia de José Saramago e o grupo ‘A Cor da Língua ACERT’; ‘Mina’ (2016); ‘Tocar o Chão’ (2017); Sara Vidal (2018); Manuel Maio (2020). Participou ainda como músico e compositor nos espetáculos ‘Fil’Mus1’ e ‘Fil’Mus2’ (2010-2020, cinema musicado ao vivo, ACERT), ‘Crónicas de Inverno’ (2015, poesia), ‘O Banco do Tempo’ (2014, dança), ‘Lupend Vuur – Fogo Correndo’ (2019-2020, teatro – Holanda). Compôs com Manuel Maio, música para o vídeo coreográfico de Romulus Neagu, ‘Perpetuum’ (2016, dança). Começou a fazer teatro amador aos 14 anos. Foi cofundador do Projeto ‘AdHoc’ (1998) onde ganhou prémios com as obras originais ‘Se não fosse de cá, acharia tudo isto muito estranho’ (1999) e ‘Loucura, será isto loucura?’ (2000). Participou como ator e criador, na peça ‘Twister’ (2002) com a direção e textos de Jorge Fraga. Dirigiu vários projetos artísticos com comunidades e grupos de teatro amador principalmente no distrito de Viseu. Em 2007 cofundou a ‘Zunzum’ Associação Cultural e integrou o seu corpo artístico e diretivo até 2017. Foi fundador e diretor artístico do encontro artístico multidisciplinar ‘Outono Quente’ (2012-2017). Participou em dezenas de obras teatrais como narrador, encenador, ator, músico. Teve aulas de jazz com Luís Lapa. Toca guitarra portuguesa. Tem-se apresentado regularmente, por todo o país e estrangeiro, com diferentes projetos musicais e artísticos, nomeadamente em Espanha, França, Turquia, Roménia, Bulgária, Alemanha, Holanda, USA, Suíça. Fez parte do júri do Concurso Internacional de Guitarra Clássica no Festival de Música da Primavera de Viseu (2016-). Lecionou Expressão Musical e Guitarra Clássica em variadas Escolas e Academias, no Conservatório de Música de Águeda (2002-2004) e no Conservatório de Música da Guarda (2004-2006). Desde 2004, é docente de Guitarra Clássica no Conservatório Regional de Música Dr. Azeredo Perdigão em Viseu.

ROMULUS NEAGU
Romulus Neagu nasceu em 1973, tendo feito a sua formação no Liceu de Coreografia em Bucareste. Aprofundou, posteriormente, os seus estudos na dança contemporânea com Christine Bastin, Karine Saporta, Thiery Bae, Jeremy Nelson e Joseph Nadj, entre outros. Entre 1989 e 1999, trabalhou na Ópera Românã (CraiovaRomania), na Ópera Nacional de Bucareste e Orion Balet, também na mesma cidade e colaborou com Ventura Dance Company, Zurich. Desde 1999 até 2012 trabalha regularmente com a Companhia Paulo Ribeiro. Participou como intérprete em vários outros projetos dirigidos por André Braga, Benvindo Fonseca, Cláudio Hochman, Graeme Pulleyn, Giuseppe Frigeni, John Mowat, José Wallenstein, Karine Ponties, Katy Deville, Madalena Victorino, Né Barros, Nuno Rebelo e Ricardo Pais. Colaborou ainda como coreografo e professor com várias entidades tais como: ACERT-Trigo Limpo (Tondela), ArteTotal (Braga), Binaural Nodar (São Pedro do Sul – Viseu), Centro Em Movimento (Lisboa), Circolando (Porto), Comedias do Minho (Paredes de Coura), Conservatório Regional da Guarda, Forum Dança (Lisboa), Quorum Ballet (Lisboa) e Teatro Nacional São João (Porto). Das suas criações coreográficas destacam-se: Fabulations, criação apresentada no International Choreography Festival, em Iasi-Roménia (1995) e Manole, projeto pluridisciplinar realizado em colaboração com o Centro de Estudos Antropológicos “Fr. I. Rainer”, Bucareste (1995); The Rite of Spring…?, projeto apresentado na primeira edição da Plataforma da Dança Contemporânea em Bucareste (1998); O ensaio de um Eros possível…, realizado em parceria com Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral, núcleo de Viseu (2006) e A invisibilidade das pequenas perceções, em coprodução com o Teatro Nacional São João, Porto e Teatro Viriato, Viseu. (2008). Em 2009, apresentou a criação A partir do romance do adolescente míope, em colaboração com o ator Graeme Pulleyn e o músico Luís Pedro Madeira. No ano de 2014, apresentou o espetáculo Banco do Tempo, um dueto com o seu filho de 10 anos, Tiberius Neagu, com interpretação e criação musical de André Cardoso. É Artista Associado do Teatro Viriato, onde apresentou peças como Alibantes (2011), Stretto (2015) e o estudo vídeo coreográfico Perpetuum… (2015) entre outras. Em 2017, foi coordenador artístico de Fibras Longas, projeto que recupera as memórias e o património cultural associado à produção do linho, desenvolvido com membros da comunidade e organizado pelo Teatro Viriato e CIM Dão-Lafões. Ultimamente criou Unbounded (2017), um solo coreográfico em torno das questões da identidade e da sua reflexão na sociedade e participa ainda como coreógrafo no projeto P.E.D.R.A. – PROJETO EDUCATIVO EM DANÇA DE REPORTÓRIO PARA ADOLESCENTES, uma parceria Culturgest, Teatro Rivoli e Teatro Viriato. Em 2018 colaborou com a Companhia Nacional de Bailado – Lisboa, criando o projeto“Nados Vivos”. Entre setembro e outubro de 2019 integrou o programa europeu de mobilidade artística i-Portunus, desenvolvendo uma residência de pesquisa e implementação de práticas artísticas no distrito de Maramures, Roménia. Artista residente nos Estúdios Victor Córdon|CNB – Lisboa, para preparação do novo projeto coreográfico “To our nothing…”. É fundador e diretor artístico da Associação Cultural INTRUSO, projeto de criação e intervenção artística, desenvolvendo desde 2000 uma atividade regular de formação na área da dança, criando vários projetos para grupos específicos, comunidades de imigrantes, portadores de deficiência e grupos escolares: People Like Us, trabalho coreográfico sobre a imigração em Portugal (2005), Harmonia e Projeto 3008 com comunidades escolares da cidade de Viseu (2006 – 2008) e o documentário A invisibilidade das pequenas perceções, realizado por Miguel Clara Vasconcelos (2008). Em 2007 recebe o Troféu Aquilino Ribeiro, categoria Inclusão, para O ensaio de um Eros possível… Desde 2010 leciona as disciplinas de Oficinas de Dança e Movimento nos cursos do Conservatório de Música da Jobra, Branca – Aveiro, curso das Artes do Espetáculo na escola profissional EPTOLIVA – Tábua, Escola de dança Lugar Presente – Viseu e Ginasiano Escola de Dança – Porto.

O concerto